Mundo

Premiê turco diz que gravações são montagem de inimigos

Erdogan acusou inimigos políticos de violarem comunicações estatais cifradas para falsificar conversas telefônicas

Manifestantes pintam um caminhão do partido de Erdogan durante uma manifestação contra a abertura de uma nova rodovia em Ancara, na Turquia (Umit Bektas/Reuters)

Manifestantes pintam um caminhão do partido de Erdogan durante uma manifestação contra a abertura de uma nova rodovia em Ancara, na Turquia (Umit Bektas/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 17h46.

Ancara - O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, acusou inimigos políticos de violarem comunicações estatais cifradas para falsificar conversas telefônicas sugerindo que ele alertou o filho para que escondesse uma enorme soma de dinheiro antes de revistas da polícia, feitas como parte de um inquérito de corrupção que envolve o governo.

Numa sessão dramática do Parlamento depois da postagem de um áudio de 11 minutos no YouTube, Erdogan descreveu-a como "montagem" descarada e traiçoeira. Ele não identificou as pessoas que acusa de responsáveis, mas deixou claro estar falando de uma rede comandada por um ex-aliado, o clérigo islâmico Fethullah Gulen.

O chefe do principal grupo de oposição parlamentar insistiu que a conversa é autêntica, ao dizer a Erdogan: "Meu conselho para você é a fuga do país, pegar um helicóptero, ou renunciar." Partidários de Erdogan, envolvido em uma disputa de poder com Gulen, que ele acusa de armar um escândalo de corrupção para derrubá-lo, gritavam: "Tayyip, nós viemos aqui para morrer com você" e "o tempo está do nosso lado".

"As pessoas não acreditam nessas mentiras", retrucou Erdogan, sob aplausos do público na galeria.

As tensões políticas intensificadas ainda mais pelas gravações, cuja autenticidade a Reuters não pôde confirmar, afetaram as ações turcas num momento de fraqueza cada vez maior nos mercados emergentes.

Gulen, por meio de seu advogado, descreveu a acusação de cumplicidade nas gravações como injusta e fator que contribui para uma atmosfera de "ódio e inimizade" na sociedade turca.

Pesquisas de opinião feitas antes dos fatos desta segunda-feira mostram a popularidade de Erdogan pouco afetada pelo escândalo de corrupção que irrompeu em 17 de dezembro, com a prisão de empresários próximos a ele e filhos de três ministros. A gravação desta segunda-feira será um novo teste da resistência dele antes das eleições locais, em março.

Mas as injúrias proferidas no debate poderão se tornar um trunfo em favor de Erdogan nas eleições.

Erdogan assumiu em 2002 um país mergulhado em crise econômica e disputas entre facções políticas. Com uma postura de líder forte, ele uniu uma ampla gama de forças, impulsionou a economia, fez reformas e reduziu o poder de generais que haviam derrubado quatro governos no final do século 20.

"Eles fizeram uma montagem descarada e a divulgaram", disse Erdogan a assessores. "Eles estão até mesmo escutando telefones estatais cifrados. Isso mostra o quanto são baixos... Não há nenhuma acusação que não possamos responder." O "eles" mencionado por Erdogan era uma referência aos seguidores do clérigo islâmico Gulen, que vive nos EUA e ele acusa de erguer um "Estado paralelo" valendo-se de sua influência no Judiciário e na polícia. Gulen nega a acusação.

"Nós vamos revelar uma a uma as desgraças da organização paralela e nós faremos aqueles que se uniram a eles tão embaraçados que não serão capazes de andar na rua", disse ele.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaPolíticosTayyip ErdoganTurquia

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal