Ministro do Trabalho da Colômbia, Rafael Pardo Rueda, conversa com a mídia na prefeitura de Bogotá após assumir como prefeito interino (John Vizcaino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 22h45.
Bogotá - A prefeitura de Bogotá recebeu nesta quinta-feira como novo inquilino o ministro do Trabalho da Colômbia, Rafael Pardo, que assumiu como encarregado em substituição do destituído Gustavo Petro com a promessa de continuar seu plano de governo e priorizar a mobilidade e a segurança cidadã.
A chegada de Pardo ao Palácio Liévano foi o ato final, pelo menos por enquanto, da crise suscitada na prefeitura pela cassação e inabilitação por 15 anos de Petro, ordenada no último dia 9 de dezembro pelo Ministério Público e executada ontem pelo presidente Juan Manuel Santos.
"Queremos trabalhar em tranquilidade e com harmonia e que a única preocupação de toda a administração de Bogotá sejam seus habitantes e a execução dos programas. Vi que a população se preocupa com temas como a segurança e a mobilidade e iniciaremos com eles", disse Pardo ao assumir o cargo.
No entanto, antes que assumisse, os 13 secretários do gabinete de Petro anunciaram sua renúncia, que tornarão efetiva no primeiro dia de abril, insatisfeitos com a destituição de seu chefe, acusado pela procuradoria de cometer falhas graves em dezembro de 2012 quando mudou o modelo de coleta de lixo de privado para público, o que durante três dias causou uma crise na cidade.
Nos arredores da prefeitura, simpatizantes de Petro manifestaram hoje sua rejeição à cassação exibindo cartazes com a frase "Não passarão" e exemplares da Constituição colombiana nos quais estava escrito "Não serve", porque consideram que Santos não devia acatar uma decisão administrativa contra um funcionário eleito pelo voto popular.
Os manifestantes criticaram ainda o fato de que, ao destituir Petro, Santos tenha rejeitado a solicitação de medidas cautelares feita pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em favor do líder de esquerda.
Pardo, um político liberal com ampla experiência como ministro do Trabalho, de Defesa e conselheiro de paz, entre outros cargos, foi escolhido por Santos para liderar a transição na prefeitura que pode ter quatro ocupantes este ano.
O prefeito encarregado ficará alguns dias no Palácio Liévano até que o partido de esquerda Progressistas, ao qual pertence Petro, apresente a Santos uma lista para que escolha quem continuará com o mandato do destituído.
No entanto, como faltavam mais de 18 meses para Petro concluir seu mandato (2012-2015), a autoridade eleitoral deve convocar eleições extraordinárias em um prazo de 70 dias, provavelmente em junho, para que a população escolha o novo prefeito.
Se o Progressistas se abster de apresentar a lista, como defendem alguns setores dessa formação que consideram que isso seria aprovar a cassação de Petro, Santos pode prolongar a incumbência a Pardo até que aconteça uma nova eleição.
Bogotá é uma cidade de quase oito milhões de habitantes, centro do poder político, econômico e financeiro da Colômbia e o cargo de prefeito é o segundo em importância do país depois do presidente da República.
Enquanto Pardo tentava organizar hoje o que pode ser sua breve passagem pela Prefeitura, Petro, em seu primeiro dia fora do cargo, lançava fortes críticas a Santos, a quem acusou de ter violado seus direitos fundamentais.
"O presidente Juan Manuel Santos violou diretamente meus direitos humanos fundamentais, os da minha família e os de 732 mil bogotanos" que o elegeram em outubro de 2011, escreveu Petro em sua conta no Twitter.