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Pré-sal vai intensificar busca por cargos na Petrobras

Rio de Janeiro - A Petrobras continuará a ser usada como instrumento de política pública seja na vitória de PT ou PSDB, em maior ou menor grau, mas o resultado das eleições presidenciais com certeza terá impacto no rumo da maior empresa da América Latina e quarta maior de energia do mundo. Após 16 anos […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Rio de Janeiro - A Petrobras continuará a ser usada como instrumento de política pública seja na vitória de PT ou PSDB, em maior ou menor grau, mas o resultado das eleições presidenciais com certeza terá impacto no rumo da maior empresa da América Latina e quarta maior de energia do mundo.

Após 16 anos dividida entre os dois partidos que voltam a disputar o poder este ano com a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra, a estatal se tornou um dos principais alvos de negociação por cargos depois da descoberta do pré-sal, e analistas já esperam pressão de partidos aliados do vencedor para compor a diretoria e o Conselho de Administração da petroleira.

"Vai ter que trocar porque o partido aliado vai querer colocar gente lá dentro, isso é politicagem e não tem como escapar, seja quem for que ganhe, mas a administração como um todo não deve mudar", avaliou Eric Scott, da SLW Corretora, que não espera mudanças drásticas mesmo que a vitória seja tucana.

"Em time que está ganhando não se mexe, a companhia vem muito bem nos últimos anos, vai ter troca de cadeira, mas na administração geral da companhia só vai sair gente por motivos políticos", afirmou.

Içada ao mercado de capitais no governo Fernando Henrique Cardoso após a pulverização das ações em 2000, a empresa ganhou fôlego para passos mais largos desde 1997 com a quebra do monopólio e da permissão de competir de igual para igual com as demais players do mercado.

A produção de petróleo saltou de uma média diária de 668 mil barris em 1994 para 1,5 milhão de barris por dia ao final de oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso.

Já no governo Lula, a descoberta das imensas jazidas do pré-sal modificou fortemente a escala de crescimento no longo prazo e trouxe a busca por um novo marco regulatório atrelado à perspectiva de uma volumosa capitalização. Em quase oito anos do atual governo, a produção média da empresa subiu para 1,970 milhão em 2009 e a estimativa da empresa é fechar este ano com 2,1 milhões de b/d.

Foco no aumento de capital

"A mudança mais forte na Petrobras no governo Lula foi quando descobriram o pré-sal e os investimentos vieram de forma mais forte, até aí a empresa não tinha sido muito modificada em relação ao governo anterior", explicou o analista Victor Figueiredo, da Planner Corretora.

Para ele só depois da capitalização da companhia, prevista para setembro, o mercado vai se preocupar em precificar a mudança de governo nas ações.

"Primeiro tem que sair a capitalização e tem que sair até setembro, porque se não sair o cenário é ruim para qualquer um dos candidatos", ressaltou o analista.

"Numa eventual entrada do Serra o mercado pode reprecificar as ações, dependendo do que ele fizer, porque o que temos aí (governo PT) já está precificado", disse o analista, que não espera muitas surpresas se Dilma vencer as eleições.

Já no caso de Serra ganhar abre-se a possibilidade de algumas alterações, que poderão ser positivas ou negativas para o valor da empresa no mercado.

"Dependendo do que o candidato da oposição for fazer pode ter preocupação sim, mas se por exemplo ele reduzir os investimentos em refino que foram considerados altos pelo mercado, pode ser positivo", afirmou Figueiredo, referindo-se ao atual plano de 224 bilhões de dólares da Petrobras para o período 2010-2014, no qual estão previstas mais cinco refinarias.


PMDB no comando?

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires, os partidos aliados vão pressionar mais do que nunca pela presidência e para ver quem fica com "diretoria que fura poço", como o deputado Severino Cavalcanti imortalizou a diretoria de Exploração e Produção, além de outros cargos.

"Tradicionalmente o presidente da Petrobras tem sido do partido do presidente da República, mas acredito que desta vez o PMDB vai fazer muita pressão pela presidência se a Dilma ganhar", avaliou.

Ele vê poucas alterações nos rumos da empresa se o PT for vitorioso, mas não vê força suficiente na candidata do partido para colocar a atual diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, no comando da companhia, como especula a indústria.

Foster é uma tradicional colaboradora de Dilma e foi conduzida a uma das mais importantes diretorias da Petrobras durante o segundo mandato de Lula.

"No governo Dilma mais do que nunca a Petrobras vai ser usada para viabilizar e concretizar projetos políticos do governo, não tenho a menor dúvida quanto a isso, e o acionista vai continuar sofrendo", prevê Pires, um frequente crítico do atual governo.

No caso da vitória de Serra, o analista avalia que a estatal voltaria a ser mais parecida com a Petrobras que quase virou Petrobrax no governo FHC.

"Acho que vai voltar a ser olhada (por Serra) mais como acionista do que como instrumento de política de governo, apesar de Serra ter um viés mais estatizante do que o Fernando Henrique, mas acho que ele preza muito mais a meritocracia técnica do que Dilma", disse.

Pires também considera coerente que depois de senadores do PSDB terem votado no Congresso contra o regime de partilha para a exploração do pré-sal, um eventual governo Serra impeça pelo menos que a Petrobras seja operadora única dos blocos, como propõe o projeto de lei enviado pelo atual governo.

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