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Portugal entra em estado de calamidade mesmo sendo campeão em vacinação

Depois de vacinar 85% de sua população desde o início de outubro, as autoridades começaram outra corrida contra o tempo para inocular uma dose de reforço

 (Violeta Santos Moura/Reuters)

(Violeta Santos Moura/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 17h59.

Última atualização em 3 de dezembro de 2021 às 14h53.

Portugal, o país europeu com a maior porcentagem de cidadãos vacinados, reinstaurou várias restrições para tentar conter o retorno da pandemia e lançou uma nova campanha de imunização.

Nesta quarta-feira, 1º, o país entrou em seu segundo estado de calamidade pública do ano, decretado pelo governo em uma tentativa de diminuir o número de casos de covid-19.

Depois de vacinar 85% de sua população desde o início de outubro, as autoridades começaram outra corrida contra o tempo para inocular uma dose de reforço em quase 20% da mesma antes das festas de final de ano.

Mas, do 1,8 milhão de pessoas com mais de 65 anos, ainda faltam 600.000, segundo relatório divulgado na noite de terça-feira pela Direção-Geral de Saúde.

Prova da vontade do governo socialista de António Costa de acelerar a campanha de vacinação, ao mesmo tempo que as novas restrições entraram em vigor, o maior centro de vacinação abriu as portas nesta quarta-feira em Lisboa.

Instalado num grande pavilhão do principal centro de exposições da capital portuguesa, deve duplicar a capacidade de inoculação, permitindo administrar diariamente até 6.000 doses de vacinas anticovid e 3.000 contra a gripe.

"Corremos uma longa maratona para finalizar a campanha de vacinação com excelentes resultados", disse à AFP o pneumologista Filipe Froes, chefe do gabinete de crise da Ordem dos Médicos do país ibérico.

"Claro que estamos exaustos, mas acho que deveríamos ter iniciado as doses de reforço mais cedo", acrescenta.

Graças a uma das taxas de vacinação mais elevadas do mundo, Portugal registrou um retorno mais tardio e menos grave da pandemia do que outros países.

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O número de novos casos diários aumentou consideravelmente em um mês. Este indicador, assim como o número de pessoas hospitalizadas, está próximo do pico alcançado no verão passado (Hemisfério Norte) com a chegada da variante delta.

Na ânsia de evitar o cenário de desastre causado no inverno anterior pela variante alfa — enquanto eleições legislativas antecipadas eram convocadas para 30 de janeiro — o governo português fez o mesmo que na maioria dos países europeus, restabelecendo uma série de medidas sanitárias.

A partir desta quarta-feira, o uso de máscara voltou a ser obrigatório em todos os locais fechados, enquanto o passe de saúde deve ser apresentado nas entradas de restaurantes, hotéis e pavilhões esportivos.

Além disso, para entrar no país não será suficiente portar certificado de vacinação, mas também comprovante de teste negativo ou de recuperação após sofrer covid-19.

Para estancar os contágios que podem ocorrer nas festas de fim de ano, o primeiro-ministro Antonio Costa anunciou medidas mais severas a partir da primeira semana de janeiro: extensão das férias escolares, teletrabalho obrigatório e fechamento de bares e boates.

Segundo Froes, essas medidas são fundamentais, apesar do índice de vacinação do país, já que "seu impacto é muito maior do que qualquer outro".

E acrescenta: "Com esta nova ameaça da variante ômicron, algumas dessas medidas podem ter de ser ajustadas".

Em Portugal, os primeiros casos da nova variante foram detectados na segunda-feira em uma equipe de futebol da primeira divisão (Belenense SAD), que teve um jogador que viajou recentemente para a África do Sul, país que primeiro noticiou o aparecimento da ômicron.

Para as autoridades portuguesas, assim como para os profissionais da saúde, a vacinação continua a ser um instrumento fundamental na luta contra a pandemia.

"A vacinação nunca foi considerada uma cura, mas sim uma prevenção contra doenças graves", disse a enfermeira Ana Marcelino, responsável pela campanha de vacinação em Cascais, subúrbio da zona oeste de Lisboa.

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