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Por que os casos de coronavírus estão aumentando na China e na Europa?

A maior preocupação atual vem da Europa, que vive intensa alta de casos. A OMS afirmou nesta quinta-feira que a região é novamente o "epicentro da pandemia" no mundo

Centro de testagem em Berlim: alta de casos de covid-19 na Alemanha preocupa autoridades (Tobias SCHWARZ/AFP)
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Carolina Riveira

Publicado em 4 de novembro de 2021 às 13h17.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 11h52.

Após meses relativamente tranquilos na Europa e na Ásia, o número de casos de covid-19 voltou a subir em alguns países.

Na China, o número de casos superou 100 por dia pela primeira vez em mais de dois meses. Antes disso, a última vez que a China havia registrado infecções nesse patamar havia sido em agosto, quando a vacinação estava menos avançada.

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Mas a maior preocupação atual vem da Europa, que vive intensa alta de casos. Segundo afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira, 4, o ritmo de transmissão europeu é "muito preocupante" e pode aumentar consideravelmente o total de mortes.

As principais áreas afetadas são em países do leste europeu, em países como Rússia, Ucrânia e Romênia, que têm taxas menores de vacinação, além da Alemanha, que registrou mais de 30.000 casos em 24 horas. Em toda a Europa, o número de casos se aproxima de 300.000 em um único dia.

Em entrevista coletiva, o diretor da OMS Europa, Hans Kluge, deu o veredicto: "estamos, de novo, no epicentro [ da pandemia ]", disse sobre a situação europeia.

"O ritmo atual de transmissão nos 53 países que formam a região europeia é muito preocupante (...) Se mantivermos esta trajetória, poderemos ter outro meio milhão de mortos por covid-19 na região até fevereiro", disse.

Kluge pediu que a população continue usando máscara e se vacine. "Dados confiáveis mostram que se continuarmos usando a máscara em 95% na Europa e Ásia central, poderemos salvar até 188.000 vidas", disse Kluge.

O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, pediu às autoridades de todas as regiões do país que endureçam as regras para os não vacinados, proibindo o acesso a determinados locais. O governo da chanceler alemã Angela Merkel se prepara para deixar o cargo, enquanto os social-democratas tentam formar uma coalizão após as eleições.

Devido à vacinação já avançada entre vários grupos, a alta de casos não tem se refletido em aumento de mortes por covid-19 na mesma proporção. Mas quanto mais casos, maior o número de vítimas, sobretudo entre os mais vulneráveis, alertam as autoridades.

A Europa teve cerca de 80.000 mortes no mês de outubro, acima dos meses anteriores, embora ainda menos do que os mais de 150.000 vítimas por mês no auge no começo do ano. A maioria das mortes têm ocorrido em pessoas não vacinadas, mais suscetíveis a desenvolver a forma grave da covid-19.

Uma vez que a totalidade da população adulta e crianças ainda não estão vacinadas, os números de casos trazem preocupação. As sequelas causadas pela covid-19 - a chamada "covid longa" - também são uma herança infeliz da doença para os infectados.

A Europa tem cerca de 50% da população totalmente vacinada, e baixa adesão à vacinação no leste europeu. Dentro dos membros da União Europeia, a taxa é um pouco maior, de quase 70%, segundo o último registro do site Our World In Data, da Universidade de Oxford, com base em dados oficiais dos países.

Na China, o cenário ainda não é tão preocupante quanto o europeu. Em setembro e outubro, a China teve menos de dez mortes no mês inteiro. Mas o alto número de habitantes, de 1,4 bilhão de pessoas, torna o controle da pandemia no país uma operação de guerra.

O país tem cerca de 70% da população vacinada com as duas doses, segundo a OMS.

A China tem tido números muito menores de vítimas e casos do que os dos países ocidentais ao adotar uma política de "covid zero", isto é, abaixar muito o número de casos e, assim, reduzir a transmissão. Países como Nova Zelândia, Austrália, Vietnã e, em alguma medida, Japão e Coreia do Sul, também adotaram essa política antes do avanço da vacinação.

A estratégia foi bem-sucedida nesses países, sobretudo em um momento onde ainda não havia vacinação em massa, em 2020 e no primeiro semestre deste ano. O número de infectados e vítimas foi muito menor, e a economia e as liberdades individuais foram mais preservadas, conforme mostrou um estudo publicado na revista The Lancet.

Agora, com a chegada das vacinas, mesmo esses países começaram a relaxar restrições. Em alguns deles, no entanto, o rastreamento de casos, testagem em massa e alguns fechamentos localizados segue sendo uma política, como é o caso da China.

Isso explica, por exemplo, os turistas que tiveram de quarentenar na Disney de Xangai nesta semana, de modo a não espalhar o vírus para outros lugares, ou os pedidos para que os cidadãos estoquem comida nos locais com restrição de circulação.

(Com AFP)

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