O presidente paraguaio Fernando Lugo: abertura do seu processo de impeachment foi motivada por um conflito ocorrido na última sexta-feira uma fazenda, que matou 17 pessoas (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2012 às 11h28.
Brasília – A população paraguaia está em alerta com a crise política no país após a aprovação de uma proposta inesperada de impeachment contra o presidente Fernando Lugo. Amanhã, ele será julgado pelo Senado paraguaio. De acordo com o economista paraguaio Gustavo Marecos, 26 anos, a opinião da população sobre o futuro do país está dividida. “Há pessoas que vão apoiar e [outras] que não vão apoiar [o presidente] amanhã. Pessoas do interior estão se preparando para vir [à capital para manifestações]”.
O economista informou à Agência Brasil, por telefone, que o comércio do centro da capital Assunção fechou mais cedo e as instituições públicas liberaram os funcionários no meio da tarde. Além disso, há militares e policiais guardando a área do Palácio do Governo. “Temos de tomar precaução. Não é um dia comum”.
A abertura do processo político foi motivada por um conflito ocorrido na última sexta-feira (15) em uma fazenda do Nordeste do país que matou 17 pessoas, entre camponeses e policiais. Segundo o economista, o conflito está repercutindo muito no país. “O sentimento da população é de tristeza desde sexta-feira”.
O pedido de impeachment, liderado pela Partido Colorado, que faz oposição a Lugo, foi aprovado por 76 votos a favor e 1 contra. Três parlamentares estavam ausentes. Ao menos cinco ministros paraguaios já renunciaram aos cargos. De acordo com a Agência Pública de Notícias do Paraguai, a IP Paraguay, centenas de pessoas estão em frente ao Congresso Nacional paraguaio para repudiar o impeachment de Lugo.
Moradora de Assunção, a estudante brasileira Thaís Vieira, 15 anos, disse que a população paraguaia está atenta à situação do país. “Estamos em alerta por causa das manifestações. Estão ocorrendo muitas manifestações, tanto a favor quanto contra. As principais manifestações são dos camponeses”, disse à Agência Brasil.
O Senado paraguaio, que assumiu hoje o papel de um tribunal político, vai decidir na tarde de amanhã (22) o futuro do presidente Fernando Lugo. A partir do meio-dia (13h em Brasília), Lugo terá duas horas para apresentar sua defesa e, às 16h30 (17h30 em Brasília), os senadores vão se pronunciar sobre o processo de impeachment do presidente.