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Poluição mais grave em três anos castiga crianças de Santiago

A densa camada cinza não está relacionada a fenômenos vulcânicos

Bebê faz nebulização em Santiago: déficit de chuvas, pouca ventilação e temperaturas baixas são principais causas da poluição (Martin Bernetti/AFP)

Bebê faz nebulização em Santiago: déficit de chuvas, pouca ventilação e temperaturas baixas são principais causas da poluição (Martin Bernetti/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 16h40.

Santiago - Santiago do Chile está coberta por uma densa camada cinza não relacionada a fenômenos vulcânicos, sinal de uma intensa poluição, que atingiu seu mais alto nível em três anos, e que afeta principalmente as crianças, mais expostas a doenças respiratórias.

Seis milhões de moradores da capital vivem em uma cidade cercada por montanhas que impedem uma ventilação correta, fenômeno agravado por um déficit de mais de 50% das chuvas, que limpam a atmosfera, devido ao fenômeno La Niña.

Jaime Leyton, da Direção Meteorológica do Chile, disse à AFP que diante da falta de chuvas, o único que pode reduzir a contaminação é a ventilação "e essa ventilação é muito pequena".

As baixas temperaturas que se intensificaram no fim deste outono no hemisfério sul são um fator de risco adicional, pois ajudam na propagação de doenças respiratórias, como o vírus sincicial ou a tosse convulsiva, que em lactantes gera uma obstrução grave das vias respiratórias.

"Tivemos uma mudança muito dramática na situação epidemiológica de problemas respiratórios, sobretudo em crianças nas últimas duas ou três semanas, associada fortemente aos níveis de contaminação ambiental em um ano de seca intensa, com muita poeira no ambiente", explicou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

Com relação a um ano normal, foi antecipada a circulação do vírus sincicial, que pode ser mortal em menores de seis meses e que normalmente se manifesta no fim do inverno (em agosto-setembro), junto com quatro vezes mais casos de tosse convulsiva que pode ser grave se afetar crianças pequenas.

"É uma situação dramaticamente diferente que nos aguarda, independente de as condições ambientais mudarem para melhor, que vamos ter um inverno muito difícil do ponto de vista de problemas respiratórios", explicou Mañalich.

"Este inverno será muito ruim, muitas crianças serão hospitalizadas, muitas crianças ficarão graves", acrescentou o ministro.


As doenças respiratórias, que são 80% dos casos, atestam os serviços de saúde, com aumento de 23% dos atendimentos de urgência.

A alta demanda levou o ministério da Saúde a destinar cinco milhões de dólares adicionais para a contratação de pessoal de reforço e a reconversão de 500 leitos hospitalares de Santiago para estas doenças.

Tudo isto faz com que o governo estude decretar 'emergência sanitária', uma medida excepcional vista pela última vez em 2009 devido à gripe suína, que castigou duramente o Chile, deixando mais de 120 mortos e cerca de 12.000 contágios.

Mas por que a contaminação aumenta as doenças respiratórias?

"A contaminação atmosférica irrita as vias respiratórias, tornando-as mais suscetíveis a agentes patogênicos", explicou à AFP a pediatra Rebeca Paiva, especialista em temas broncopulmonares.

Este ano foram decretadas três pré-emergências ambientais, pela primeira vez desde 2008.

Nesta situação se restringe o tráfego em Santiago a quase 20% da frota automotiva, de 1,3 milhão de carros, são paralisadas cerca de 500 fábricas e se proíbe a prática de esportes nas escolas.

Desde 2006, no entanto, vigora um Plano de Descontaminação, cuja última atualização foi realizada no ano passado para aumentar as exigências destinadas a medir a emissão de gases nos veículos.

Mas os ambientalistas criticam que, no momento, não esteja incluída a proibição total para o uso da lenha, nem haja restrições para o aumento da frota automotiva, que na última década aumentou 50% em Santiago.

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