Membros da Polícia Boliviana se reúnem para intervir em estradas desbloqueadas nesta segunda-feira, em Mainara (Bolívia) ( Juan Carlos Torrejon/EFE)
Agência de Notícias
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 14h02.
Policiais e militares liberaram nesta segunda-feira, 4, a rodovia do único ponto que estava bloqueado em Santa Cruz, a maior região da Bolívia, por “evistas”, como são conhecidos os partidários do ex-presidente Evo Morales, que exigem o fim de uma investigação criminal contra o líder político por tráfico de pessoas e estupro.
“Mairana acaba de ser liberada em uma operação conjunta das forças da lei e da ordem. As tarefas de desbloqueio continuam em nosso país e não vão parar até que todo o país esteja desbloqueado”, disse o ministro do Governo (Interior), Eduardo del Castillo, por meio de suas redes sociais.
As forças de segurança chegaram cedo à cidade de Mairana, a 133 quilômetros de Santa Cruz, na antiga estrada para a região central de Cochabamba, e iniciaram a operação sem resistência, uma vez que os apoiadores de Morales recuaram e finalmente deixaram o local após 22 dias de bloqueio da rodovia, como pôde comprovar a Agência EFE.
Enquanto o governo do presidente boliviano, Luis Arce, anunciou que continuará a operação de liberação de rodovias, Morales, também líder do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), está em seu terceiro dia de greve de fome para forçar o Executivo nacional a entrar em diálogo para ele apresentar suas demandas políticas e econômicas.
“Após uma operação com um contingente da polícia e do Exército, o ponto de bloqueio em Mairana foi liberado, a circulação de veículos, especialmente de transporte pesado, está normalizada e agora aguardamos a autorização para permitir viagens longas”, declarou o chefe da Unidade de Trânsito da Polícia, Edson Rojas, à imprensa local.
O comandante da região de Santa Cruz, Rolando Rojas, disse à TV estatal boliviana que a operação policial e militar “foi bem-sucedida” após uma intervenção “pacífica”.
A polícia, com a ajuda de maquinário pesado, removeu pedras e detritos da rodovia e, em um barracão de madeira improvisado, encontrou explosivos que, presumivelmente, seriam usados pelos “evistas”.
O contingente militar ficou atrás da polícia para agir em caso de qualquer ação violenta dos partidários de Morales e, enquanto os agentes avançavam para limpar a rodovia, os moradores de Mairana os aplaudiam.
Durante a operação, pelo menos 13 pessoas foram detidas, de acordo com a polícia, e os moradores locais enfatizaram que aqueles que estavam bloqueando a via não eram de Mairana.
Na última sexta-feira, a primeira operação policial e militar foi realizada em Parotani, Cochabamba, onde os manifestantes entraram em confronto com os agentes por mais de oito horas, uma ação que finalmente terminou com feridos e presos.
No dia anterior, Del Castillo declarou que das três unidades militares ocupadas na sexta-feira pelos seguidores do ex-presidente no Trópico de Cochabamba, seu reduto político e sindical, uma ainda está ocupada, e anunciou que vai processar os responsáveis.
Os “evistas” estão exigindo com os bloqueios que os processos legais contra seu líder por tráfico humano e estupro sejam retirados, que os problemas econômicos sejam resolvidos e também defendem a candidatura de Morales à presidência para as eleições de 2025.
No domingo, Morales pediu um diálogo “sem condições”, enquanto o governo respondeu que está aberto a conversar sobre suas demandas “com a premissa fundamental” de que os bloqueios de rodovias sejam suspensos em todo o país.
Arce e Morales estão afastados desde 2021 devido a diferenças na administração do Estado, que se aprofundaram com a necessidade de renovar a liderança nacional do MAS e escolher o candidato do partido governista para as eleições de 2025.