Polícia da Argentina prende nova suspeita de ataque contra Cristina Kirchner
A mulher detida mantinha conversas com Brenda Uliarte, a namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de setembro de 2022 às 12h24.
Última atualização em 13 de setembro de 2022 às 12h32.
Uma terceira pessoa foi presa nesta terça-feira, 13, por suspeitas de envolvimento na tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner , em 1º de setembro.
A mulher detida mantinha conversas com Brenda Uliarte, a namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel, ambos já acusados pelo crime. A identidade da mulher ainda não foi revelada, mas ela foi presa na noite de segunda, 12, em uma operação policial no bairro de San Miguel, na capital, o mesmo onde Sabag Montiel viva.
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Segundo o La Nación, a detida não faz parte da "gangue do algodão doce", grupo de amigos do casal cujas atividades estariam na mira dos investigadores. Mensagens extraídas do celular de Uliarte levantaram a suspeita dos investigadores de o grupo já teria tentado assassinar a vice-presidente em pelo menos outras duas ocasiões.
O local virou ponto de encontro para os kirchneristas, movimento que se intensificou após o Ministério Público pedir 12 anos de prisão para Cristina, acusada de chefiar uma associação ilícita para favorecer um empresário amigo.
A polícia argentina descobriu que o acusado de tentar atirar contra a vice-presidente Cristina Kirchner planejou outro atentado contra ela no dia 27 de agosto. Essa tentativa teria sido descoberta durante a perícia do conteúdo do celular da namorada de Fernando Sabag Montiel, Brenda Uliarte, com as provas anexadas ao processo nesta segunda. A juíza responsável pelo caso, María Eugenia Capuchetti, ordenou segredo de Justiça sobre o processo.
De acordo com fontes ouvidas pelo Clarín, o plano é revelado nas mensagens trocadas pelos dois acusados na semana anterior ao atentado, realizado no dia 1º deste mês. Os dois falam sobre a "presença de câmeras C5N", trocam detalhes de horários e do movimento de pessoas e militantes na residência de Cristina. "Ela [ a vice-presidente ] já subiu, acho que ela não vai sair nesse momento então ela já foi, saiu, eu vou lá, fica lá. Não traga nada", diz Sabag Montiel a Brenda em uma das mensagens.
O atentado contra Cristina Kirchner
Nas mensagens do mesmo dia, Sabag Montiel disse que esteve muito próximo do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, no dia em que o governo instalou cercas de proteção do lado de fora da residência de Cristina para conter as manifestações pró e contra ela, que ganharam força após o Ministério Público pedir que ela fosse condenada a prisão. "Toquei nas costas de Axel Kicillof e ele entrou no carro Toyota Ethios", escreveu.
É justamente essa troca de detalhes dos movimentos no local e da vice-presidente que os investigadores afirmam que "houve um ataque planejado que não foi realizado e foi por volta de 27 de agosto", diz o Clarín.
A Justiça argentina já havia afirmado que o atentado do dia 1º foi produto de um "planejamento e acordo prévio" entre o brasileiro Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte. Os dois foram acusados formalmente no dia 8. Segundo as evidências apontadas na acusação, a dupla estudou o local do ataque antes.
Montiel apontou sua arma a menos de 1 metro da cabeça de Kirchner quando ela estava cercada por simpatizantes que a aguardavam do lado de fora de sua residência para expressar apoio após um pedido de 12 anos de prisão e para a perda de seus direitos a exercer cargos públicos por parte do Ministério Público em um julgamento por suposta corrupção.
Fernando Sabag Montiel e a namorada estão presos e foram interrogados pela juíza na terça-feira, 6. Segundo a imprensa local, o brasileiro teria se recusado a falar e declarou apenas que a namorada não estaria envolvida no ataque.
A jovem, por sua vez, negou ter participado do atentado e afirmou que só estava "acompanhando" o namorado na ocasião. Câmeras de segurança próxima ao local do ataque flagraram a presença de Brenda no momento da ação.
Cristina Kirchner, de 69 anos, escapou ilesa da tentativa de ataque. A arma de fogo, apesar de ter sido acionada duas vezes, não disparou. O atentado frustrado aconteceu quando a vice-presidente cumprimentava um grupo de apoiadores na porta de sua casa, em Buenos Aires.
Um vídeo registra o momento em que um homem aponta a arma para a vice-presidente e rapidamente é detido. Nos vídeos, é possível ver que Cristina se abaixa após a arma ser apontada para ela. No mesmo instante, seguranças intervêm e conseguem segurar o suspeito.
Presidente argentino diz que o próximo seria ele
O presidente Alberto Fernández afirmou em uma entrevista à emissora Telecinco que ele seria o próximo a sofrer um atentado por parte de Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte. Segundo Fernández, é o que dizem as mensagens interceptadas pela polícia.
Ele também denunciou um ataque a um monumento dedicado ao ex-presidente e marido de Cristina Kirchner, Néstor Kirchner, falecido em 2010.
"Menos de duas semanas após o ataque a @CFKArgentina, foi assim que o monumento a Néstor Kirchner localizado na Rota 7 amanheceu hoje. Vamos banir o ódio na Argentina. Com a força da democracia e a coragem das convicções, dizemos Nunca Mais à violência em nossa pátria", escreveu o chefe de Estado em sua conta no Twitter, na qual postou várias fotos da escultura danificada.
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