Mundo

Polícia controla capital de Bahrein após repressão violenta

Pelo menos três manifestantes foram mortos pelas forças de segurança; governo anunciou toque de recolher na cidade

Tropa de choque da polícia bareinita chega à Praça da Pérola, em Manama (AFP)

Tropa de choque da polícia bareinita chega à Praça da Pérola, em Manama (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2011 às 13h28.

Manama, Bahrein - As forças de segurança do Bahrein conseguiram controlar nesta quarta-feira o centro da capital Manama, impondo um toque de recolher depois de terem dispersado violentamente os manifestantes, a maioria xiitas, matando pelo menos três pessoas.

As autoridades do Bahrein decretaram um toque de recolher nesta quarta-feira, que vai das 16H00 (10H00 de Brasília) às 04H00 (22H00 GMT) nos bairros do centro de Manama onde se concentram as manifestações.

Imagens da televisão estatal mostram a polícia ocupando a Praça da Pérola, centro dos protestos contra o clã real sunita Al Khalifa, enquanto retroescavadeiras removiam as barricadas erguidas pelos manifestantes na entrada do distrito financeiro.

A praça ainda mostrava rastros da violenta intervenção das forças de segurança: barracas de campanha destruídas, restos de focos de incêndio e destroços de todo tipo.

O ataque contra os manifestantes aconteceu depois que o rei Hamad Ben Isa Al Khalifa decretou estado de emergência. Na véspera, ele recebeu o apoio de outras monarquias vizinhas do Golfo, que enviaram tropas para ajudá-lo a enfrentar a rebelião popular.

Ainda não foi oficialmente confirmada a participação de forças estrangeiras, particularmente sauditas, na operação para acabar com as manifestações, e deputados da bancada governista do Bahrein declararam que o papel destes soldados é "proteger instalações vitais" do país.

Centenas de soldados do batalhão de choque chegaram à praça a bordo de tanques, veículos blindados e ônibus, dispersando os manifestantes e tomando o controle do perímetro.

"Temos três mortos e um grande número de feridos", disse à AFP um deputado da oposição.

"A situação é catastrófica. As forças dispararam com munição real", disse Jalil Marzuk, do movimento xiita Wefaq.

O ministério do Interior, por sua vez, informou que dois policiais morreram na operação, ambos atropelados por manifestantes.

Marzuk acusou a polícia de ter bloqueado o acesso ao hospital Salmaniya, e de ter impedido a evacuação dos feridos.

Outro deputado do Wefaq, Ali al Aswad, denunciou que a polícia investiu simultaneamente em outras localidades xiitas próximas a Manama, onde combateram os manifestantes.

"Não houve como resistir", declarou um dos manifestantes da Praça da Pérola.

Em declarações ao canal Al-Jazeera, o dirigente do Wefaq Ali Salman comparou a ação da polícia do Bahrein à das forças líbias que atacam os insurgentes anti-Kadhafi. Entretanto, fez um apelo aos manifestantes barenitas, pedindo que "preservem o caráter pacífico do protesto".

"A solução não virá pelos canhões", estimou.

As autoridades justificaram a repressão evocando a necessidade de restabelecer a ordem, acusando os manifestantes - que ocupavam a Praça da Pérola desde 19 de fevereiro - de tentar paralisar o país.

Acompanhe tudo sobre:BahreinPolíticaPolítica no BrasilProtestosViolência urbana

Mais de Mundo

Após dois anos de pausa, Blue Origin, de Jeff Bezos, leva passageiros ao espaço

Bombardeios continuam em Rafah, mesmo com chegada de emissário dos EUA a Israel

Irã inicia buscas por helicóptero do presidente Raisi após 'acidente'

Beyond Expo, em Macau, reúne 30 mil pessoas em feira tech que conecta a China ao mundo

Mais na Exame