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Polêmicas marcam relação entre Turquia e Irã

Crise na Síria contribuiu para a piora na relação entre os dois países, dizem analistas

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan: farpas com o Irã (Adem Altan/AFP)

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan: farpas com o Irã (Adem Altan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2012 às 13h30.

Bagdá - A crise na Síria e as rivalidades regionais entre o Irã e a Turquia explicam a recente degradação das relações entre Bagdá e Ancara, afirmam os analistas que, contudo, não acreditam em um confronto entre os vizinhos devido a este antagonismo.

"A guerra de palavras entre o Iraque e a Turquia está intimanente ligada ao que acontece na Síria", considerou Paul Salem, diretor do programa de pesquisa sobre o Oriente Médio no Centro Carnegie, em Beirute.

"A Turquia optou pela política de 'zero problema' (com seus vizinhos) antes da Primavera Árabe, mas quando foi obrigada a escolher entre o povo e o regime da Síria, foi confrontada pelos aliados do regime sírio, como o governo do (primeiro-ministro iraquiano Nuri) al-Maliki e o Irã, o que explica a recente guerra verbal", declarou o pesquisador.

Ancara exigiu a saída do presidente sírio Bashar al-Assad, rompeu as relações oficiais com o regime e acolheu em seu território a oposição à Damasco e os desertores reunidos no Exército Livre Sírio (ELS).

"O Irã tenta pressionar (o primeiro-ministro turco Recep Tayyip) Erdogan, principalmente através do Iraque, para que reduza seu apoio (à revolução) na Síria, mas eu não acredito que isso vá piorar porque os dois países têm muitos interesses em comum", revelou.

A Turquia quer dobrar em 2012 suas trocas comerciais com o Iraque (12 bilhões de dólares em 2011), disse recentemente seu ministro da Economia, Zafer Caglayan.

Como o Irã, o Iraque é governado por xiitas, enquanto a Turquia é majoritariamente sunita. A Síria é governada pela minoria alauíta, um braço do xiismo.

A agressividade entre Bagdá e Ancara teve início em meados de dezembro, quando um mandato de prisão por complô foi expedido para o vice-presidente sunita Tarek al-Hachémi, refugiado no Curdistão iraquiano.


Erdogan puxou as críticas na terça-feira contra Maliki: "Se você iniciar um processo de confronto no Iraque na forma de um conflito sectário, não será possível permanecer em silêncio", disse. Maliki caracterizou os comentários como "provocação".

Para Mahjoob Zweiri, professor de História Contemporânea e de Política do Oriente Médio na Universidade do Qatar, duas razões sustentam a tensão atual.

"A Turquia está convencida de que a política de Maliki atrasa a estabilização do país ao marginalizar uma parte da sociedade, os sunitas. Além disso, apoiando o regime sírio, o Iraque confronta a Turquia", estimou.

Para Zweiri, "é difícil falar do papel do Irã sem se basear em sua identidade religiosa, pois sua política está ligada à religião, é uma mistura dos dois".

"Ao criticar o Bahrein e apoiar o governo sírio e de Maliki, a política externa de Teerã é percebida pelos outros como ditada por considerações confessionais, mas na realidade, a real motivação do Irã é de ter um papel importante no Oriente Médio", ressaltou.

A crise atual, segundo o especialista do Oriente Médio e professor de ciências sociais, Joseph Bahut, é uma "luta pelo controle do Iraque entre o Irã e a Turquia, pois o ex-eixo turco-iraniano-sírio quebrou, já que a Síria se encontra na situação que sabemos e a partida das tropas americanas deixou um vazio que as duas potências regionais querem preencher".

"Mas, estamos indo em direção a uma enorme vala dividida entre sunitas e xiitas, que vai desde o Iraque ao Líbano, passando pela Síria. Os três países serão a linha de frente que verá o confronto entre as duas grandes forças da região e, neste contexto, a Turquia é obrigada a se posicionar", assegurou.

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