Trump e Kennedy Jr. sugerem mudanças profundas na saúde pública dos EUA (Matthew Hatcher /AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 07h09.
Um dos nomes mais cotados para liderar os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) é o de Robert Kennedy Jr., conhecido por suas posições antivacina. Com um orçamento de US$ 47 bilhões (R$ 267,52 bilhões), o NIH é a instituição de saúde mais bem financiada do mundo, responsável por quase metade de todo o investimento federal em ciência básica. No entanto, republicanos já sugeriram reduzir o número de institutos que compõem o NIH de 27 para 15, além de diminuir o valor de bolsas de pesquisa.
Kennedy, que apoiou Trump após desistir de sua candidatura presidencial, recebeu de Trump um incentivo para ser "audaz" em temas de saúde, medicina e política alimentar. Em seu discurso de vitória, Trump prometeu que Kennedy “vai ajudar a tornar a América saudável novamente... Ele é um grande cara e realmente quer fazer algumas coisas, e vamos deixá-lo fazer isso.”
Entre as propostas de Kennedy está o fim da adição de flúor à água potável — uma prática amplamente apoiada por especialistas em saúde como eficaz na prevenção de cáries. “Parece bom para mim”, respondeu Trump à sugestão de remover o flúor, considerado seguro e eficaz.
Kennedy também propôs uma “pausa” de oito anos no financiamento de pesquisas de doenças infecciosas como Aids, Covid-19 e dengue, preferindo destinar recursos para doenças crônicas como câncer e doenças cardíacas, conforme relatado pela revista Science.
Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados UnidosEmbora ainda não haja confirmação de um cargo oficial, Kennedy participa da seleção de candidatos para liderar agências de saúde, como o NIH e a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA). Sua política de imunização pode ser alterada, como alerta o site especializado Stat.
Kennedy já declarou ser a favor do fim das taxas que os laboratórios pagam à FDA, que financiam parte do trabalho da agência na segurança de remédios e alimentos nos EUA. Ele também pretende avaliar pessoalmente a segurança de vacinas, apesar de não possuir formação médica ou biomédica.
Outras propostas incluem o relaxamento das restrições para o leite cru e a remoção de limitações para alimentos ultraprocessados e aditivos alimentares.
Trump também prometeu bloquear o financiamento federal para procedimentos de afirmação de gênero e proibir esses cuidados para menores de idade. Além disso, seguindo o Projeto 2025 da Heritage Foundation, o presidente eleito pode restringir pesquisas com tecido fetal e dispensar a necessidade de aprovação técnica para estudos do NIH. Com uma provável maioria republicana no Senado, Trump deve ter apoio para avançar nessas pautas.
O ex-diretor do NIH, Harold Varmus, declarou à Science ver “riscos enormes” para a ciência e a saúde diante da possibilidade de Kennedy, com sua falta de qualificação e posições controversas, assumir um papel tão importante.
“Minha primeira reação é que a administração Trump pode ser a mais anti-saúde pública e anticiência da história”, resumiu Lawrence Gostin, do Instituto O’Neill de Direito Nacional e Global de Saúde da Georgetown University, ao jornal britânico Guardian.