Pistorius cedeu a instintos primitivos ao atirar, diz defesa
Defesa diz que Pistorius matou Steenkamp por acidente, atirando contra ela através da porta de um banheiro após confundi-la com um invasor
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2014 às 11h19.
Pretória - Os "instintos primitivos” de <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/oscar-pistorius">Oscar Pistorius</a></strong> entraram em ação quando ele <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/mortes">matou</a></strong> a tiros a namorada, Reeva Steenkamp, por ele estar vulnerável e temeroso, disse o advogado de defesa no julgamento do atleta nesta sexta-feira.</p>
Pistorius, de 27 anos, outrora um herói nacional por alcançar o auge do esporte sendo amputado das duas pernas, é acusado de ter matado a namorada, a modelo e bacheral em direito Reeva Steenkamp, em sua casa de Pretória em 14 de fevereiro do ano passado. A juíza do caso, Thokozile Masipa, marcou a leitura do veredicto para 11 de setembro.
A defesa diz que Pistorius matou Steenkamp por acidente, atirando contra ela através da porta de um banheiro após confundi-la com um invasor, e que por isso deve ser absolvido.
O promotor do Estado, Gerrie Nel, tem descrito Pistorius como um homem de pavio curto e obcecado por armas que matou Steenkamp, de 29 anos, com quatro tiros após uma discussão acalorada.
O advogado de defesa, Barry Roux, disse em seus argumentos finais haver provas psicológicas de que o atleta teve uma reação agressiva intensa por causa de sua deficiência.
“Você está diante da porta, vulnerável, ansioso. Como atleta, está treinado para reagir. Levem todos estes fatores em conta”, afirmou Roux, acrescentando que Pistorius se sentiu exposto por estar sem as próteses.
“Em algumas situação a pessoa dispara por reflexo”, argumentou Roux. “É seu instinto primitivo”.
Roux também afirmou que os promotores só convocaram testemunhas que apoiam seu argumento e não outras pessoas essenciais, como policiais, que ele disse que poderiam minar as acusações.
Na quinta-feira, Nel disse que Pistorius contou “uma bola de neve de mentiras” e pediu à juíza Thokozile Masipa que condene o atleta por homicídio doloso.
Se for considerado culpado de assassinato premeditado, ele pode pegar prisão perpétua. Uma possível pena mais branda de homicídio culposo pode render uma sentença de 15 anos de prisão.
Para chegar a um veredicto, Masipa e seus assistentes terão que pesar a credibilidade dos testemunhos dos dois lados, incluindo o de Pistorius, que aguentou mais de uma semana de interrogatórios durante os quais rompeu em prantos várias vezes.
Na ausência de um júri, especialistas dizem que o cerne da questão é se Masipa aceita ou rejeita sua versão dos acontecimentos.