Mundo

Piloto de folga salvou Boeing 737 Max no penúltimo voo

Detalhe não divulgado sobre voo anterior da Lion Air traz nova pista sobre o mistério dos acidentes com o Boeing 737 Max

Cabine de um Boeing 737 Max. Foto: Dimas Ardian/Bloomberg (Dimas Ardian/Bloomberg)

Cabine de um Boeing 737 Max. Foto: Dimas Ardian/Bloomberg (Dimas Ardian/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 20 de março de 2019 às 16h16.

Última atualização em 21 de março de 2019 às 11h50.

A tripulação da Lion Air, que lutava para controlar o Boeing 737 Max 8 em mergulho, teve a ajuda de uma fonte inesperada: um piloto de folga que, por acaso, estava na cabine.

Aquele piloto extra, que estava sentado no banco de trás da cabine, diagnosticou corretamente o problema e explicou à tripulação como desabilitar o sistema de controle de voo com defeito e salvar o avião, segundo duas pessoas a par da investigação da Indonésia.

No dia seguinte, sob o comando de outra tripulação, que enfrentou o que, segundo os investigadores, foi um defeito idêntico, o avião caiu no Mar de Java, matando as 189 pessoas que estavam a bordo.

O detalhe não divulgado anteriormente sobre o voo anterior da Lion Air representa uma nova pista no mistério sobre como alguns pilotos do 737 Max que enfrentaram a falha de funcionamento conseguiram evitar o desastre, ao passo que outros perderam o controle de seus aviões e caíram. A presença de um terceiro piloto na cabine não existia no relatório de 28 de novembro do Comitê Nacional de Segurança de Transporte da Indonésia (NTSC, na sigla em inglês) sobre o acidente e não tinha sido relatada anteriormente.

O chamado “piloto de carona” no voo anterior de Bali para Jacarta disse à tripulação que cortasse a energia do motor que direcionava o nariz para baixo, segundo pessoas a par do assunto, algo que fazia parte de uma lista de verificação que todos os pilotos são obrigados a memorizar.

“Todos os dados e informações que temos sobre o voo e a aeronave foram apresentados ao NTSC da Indonésia. Não podemos fornecer mais comentários nesta fase porque a investigação sobre o acidente está em andamento”, disse o porta-voz da Lion Air, Danang Prihantoro, em entrevista por telefone.

Defeito

O relatório do comitê de segurança da Indonésia disse que o avião teve vários problemas em voos anteriores e que não foi reparado corretamente.

Representantes da Boeing e do comitê de segurança indonésio preferiram não fazer comentários sobre o voo anterior.

O sistema anti-estol — projetado para evitar que os aviões subam abruptamente, percam sustentação e caiam — está sendo analisado pelos investigadores desse acidente, assim como do outro ocorrido menos de cinco meses depois na Etiópia. Acredita-se que um sensor com defeito tenha enganado os computadores do avião da Lion Air, levando-os a interpretar que era preciso abaixar automaticamente o nariz para evitar um estol.

A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) afirmou na semana passada que planeja ordenar mudanças no sistema para torná-lo menos propenso a se ativar quando não houver nenhuma emergência. A agência e a Boeing afirmaram que também vão exigir treinamento adicional e referências ao sistema nos manuais de voo.

“Vamos cooperar totalmente com a revisão da auditoria do Departamento de Transportes”, disse Charles Bickers, porta-voz da Boeing, por e-mail. A empresa preferiu não comentar a investigação criminal.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-de-aviaoBoeingBoeing 737

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua