Times Square, em Nova York, um dos centros financeiros do país (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 25 de abril de 2024 às 09h31.
Última atualização em 25 de julho de 2024 às 09h26.
O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu 1,6% no primeiro trimestre de 2024, informou nesta quinta, 25, o BEA (Departamento de Análises Econômicas, na sigla em inglês), do governo americano.
Com o avanço deste início de ano, o PIB americano atingiu 28,28 trilhões de dólares. Esta é a primeira estimativa do PIB. O BEA divulga outras duas análises, sendo que a terceira delas é considerada a definitiva.
Os Estados Unidos publicam o seu crescimento a uma taxa anualizada, que compara o PIB com o do trimestre anterior e depois projeta a variação para todo o ano ao ritmo desses três meses. Na comparação com o crescimento em relação ao último trimestre de 2023, a economia cresceu apenas 0,4% nos primeiros três meses do ano.
Os dados indicam desaceleração em relação ao ritmo que o país estava no fim de 2023. No último trimestre do ano passado, o PIB americano avançou 3,4%, A redução surpreendeu o mercado, que esperava alta de 2,5%.
Ao mesmo tempo, há preocupação pela alta da inflação e pelo número moderado de pedidos de auxílio por desemprego, o que indica um mercado de trabalho aquecido.
O BEA divulgou que o índice de inflação PCE (Gastos pessoais dos consumidores) avançou 3,4% no primeiro trimestre, ante uma alta de 1,8% no último trimestre de 2023.
Ao excluir os gastos com comida e energia, que são mais voláteis, o indicador avançou 3,7%, ante 2% no trimestre anterior.
Os dados detalhados do PCE de março serão divulgados na sexta, 26. O PCE é um dos principais indicadores que ajudam o Fed a definir a taxa de juros.
Em 2023, os EUA tiveram um avanço total do PIB de 2,5%. O FMI estima que os Estados Unidos avancem 2,7% em 2024, e 1,9% em 2025.
"No limite, esse quadro liga um alerta para possibilidades da tão temida estagflação. Os principais índices da bolsa americana caíam após a divulgação, pressionados também por respostas a resultados corporativos e guidances de grandes empresas", diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
A redução no crescimento foi puxada por queda nos gastos dos consumidores, investimentos imobiliários e despesas dos governos estaduais e locais, segundo o BEA.
"É comum que o consumo da população seja menor no primeiro trimestre em comparação com o último trimestre, devido a eventos sazonais, como a Black Friday e as festas de fim de ano, quando ocorre um aumento significativo nos gastos. Além disso, o governo está gradualmente reduzindo os gastos devido à diminuição do auxílio pandêmico ao longo dos últimos trimestres", analisa Gustavo Cruz. estrategista-chefe da RB Investimentos.
Os consumidores continuam dispostos a gastar embora sejam mais cautelosos face aos preços elevados, disse o economista-chefe da EY, Gregory Daco, à AFP. "Olhando para o futuro, vemos a economia arrefecer suavemente à medida que a moderação da demanda de mão de obra e dos aumentos salariais, a inflação persistente e as condições de crédito restritivas limitam a atividade do setor privado", acrescentou.
O Fed, o banco central americano, tem buscado aumentar as taxas de juros para tentar frear o consumo no país e, consequentemente, a inflação. Nos últimos dois anos, foram 11 altas, e a taxa está no patamar entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Analistas do mercado apontam que a situação ainda incerta, com inflação resistente, pode fazer com que o Fed mantenha uma postura de cautela e possa postergar o início da queda da taxa de juros.
"As esperanças de cortes em 2024 sofrerão mais um baque. A única certeza neste momento é que não faltarão emoções nesses antecedendo a próxima reunião do Fomc, que acontecerá na semana que vem”, pondera Igliori, da Nomad.