Peru: Protestos contra nova presidente aumentam após destituição de Pedro Castillo
Mobilizações cresceram em cidades do norte e sul andinos pelo quarto dia, em rejeição ao Congresso
Da redação, com agências
Publicado em 11 de dezembro de 2022 às 17h09.
Última atualização em 11 de dezembro de 2022 às 17h45.
Os protestos contra o novo governo do Peru aumentavam neste domingo no interior do país, com manifestações e a convocação de uma paralisação nacional exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte e a convocação de novas eleições.
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As mobilizações cresceram em cidades do norte e sul andinos pelo quarto dia, em rejeição ao Congresso e pedindo a libertação do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo, destituído no último dia 7.
Milhares de pessoas se reuniram em Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno, segundo imagens transmitidas por emissoras de TV locais. Em Andahuaylas, onde os protestos deixaram 16 civis e quatro policiais feridos neste sábado, os confrontos entre manifestantes e policiais foram retomados.
Paralisação por tempo indeterminado
Sindicatos agrários e organizações camponesas e indígenas anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, somando-se aos pedidos de fechamento do Congresso, eleições antecipadas e uma nova Constituição, segundo comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru. O coletivo também reivindica a "libertação imediata" de Castillo.
Em Lima, o partido esquerdista Peru Livre convocou uma manifestação para a tarde de hoje na Praça San Martín, epicentro das manifestações políticas no Peru. Lima sempre deu as costas a Castillo, enquanto as regiões andinas se identificaram com ele desde as eleições de 2021.
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O Congresso, dominado pela direita, anunciou que iria se reunir nesta tarde para analisar a situação.
"Até agora, a presidente não foi clara sobre a grande questão: estamos em um governo de transição ou estamos diante de uma autoridade que pretende ficar até 2026?", disse à AFP a analista política Giovanna Peñaflor. "Ela deveria ter claro que seu papel é facilitar as novas eleições gerais, e que esse é o caminho que irá augurar que ela tenha alguma estabilidade que permita que o gabinete atual não seja como os anteriores e acabe sendo relegado."
Aeroporto de Huancabamba fechado
Na tarde do domingo, 11, a Corporação Peruana de Aeroportos e Aviação Comercial (Corpac) emitiu comunicado sobre o fechamento do Aeroporto de Huancabamba em Andahuaylas, no Peru, devido a atos de vandalismo. O aeroporto fica a 3,4 km acima do nível do mar e recebe voos comerciais na região de altitude.
Manifestantes exigem eleições gerais no país e a renúncia da nova presidente Dina Boluarte, que assumiu o cargo após o Congresso aprovar o impeachment do antecessor, Pedro Castillo. Segundo a mídia local, os protestos, que começaram na quarta-feira, se intensificaram com o saldo de dois policiais sequestrados e pelo menos 20 feridos entre militares e manifestantes. Castillo foi destituído e preso após tentativa de golpe.
O comunicado da Corpac, divulgado no perfil do Ministério de Transportes e Comunicações do governo do Peru no Twitter, diz que a ação dos manifestantes afeta seriamente a pista de aterrissagem e o trabalho das equipes do aeroporto, responsáveis por exercer os serviços de navegação aérea. "Os manifestantes cercam com atos de violência o terminal aéreo onde estão localizados 50 membros da Polícia Nacional e funcionários de nossa empresa", diz a corporação.
Na nota, a Corpac também pediu a ajuda das autoridades. "Solicitamos o apoio e reforço das autoridades competentes da Polícia Nacional do Peru, para salvaguardar a vida das pessoas mantidas reféns", diz o comunicado.
Lula diz que destituição de Castillo foi constitucional
Em nota, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que adestituição de Pedro Castillo da Presidência do Perufoi um processo constitucional. Lula disse ter acompanhado "com muita preocupação" os fatos que levaram ao impeachment e entendido que "tudo foi encaminhado no marco constitucional".
"É sempre de se lamentar que um presidente eleito democraticamente tenha esse destino, mas entendo que tudo foi encaminhado no marco constitucional", disse Lula. Segundo ele, o Peru e a América do Sul precisam "de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos enfrentamos".
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Com informações da AFP e do Estadão Conteúdo.