Pastore não vê espaço para ampliar a política fiscal nos Estados Unidos (ARQUIVO/VEJA)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2010 às 16h23.
São Paulo - Para o presidente da AC Pastore & Associados e ex-presidente do banco Central, Affonso Celso Pastore, os Estados Unidos não têm muitas alternativas para sair da recessão. A principal delas consiste em fazer justamente aquilo que os próprios EUA criticam tão enfaticamente na política cambial da China: desvalorizar sua moeda.
Pastore lembrou que boa parte dos problemas dos norte-americanos tem origem no fato de que o consumo, que representa 70% do PIB do país, parou de crescer. Este fato torna a recuperação ainda mais difícil. No setor imobiliário, por exemplo, a demanda por casas não voltou ao normal desde que a crise começou.
A falta de opções dos EUA para voltar a aquecer sua economia é preocupante. “A expansão fiscal seria uma solução para o país. Mas ela não está disponível porque as autoridades não encontram espaço e força política para agir nesta área”, afirmou o ex-presidente do BC. Pastore participou, nesta terça-feira (9/11), de evento em São Paulo organizado pela revista britânica The Economist.
Outra alternativa para os norte-americanos, na visão de Pastore, seria a política monetária. Entretanto, na visão do economista, não há espaço para manipular as taxas de juros no país. “O único canal que vai funcionar é o externo. Depreciar o dólar criaria condições para aumentar as exportações e impulsionar a economia”, disse.
O problema é que, como sempre ocorre na política econômica, neste caso também há perdas e ganhos. Boa parte da recuperação da Europa nos últimos meses se deve ao desempenho de economias importantes, como a alemã, no campo das exportações. Se o dólar se desvalorizar ainda mais frente ao euro, os exportadores da União Europeia terão problemas. Consequentemente haverá um freio na retomada do crescimento econômico da UE.