Fila para votação nas eleições americanas 2016 (foto/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 24 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 24 de outubro de 2018 às 06h00.
Faltando duas semanas para as eleições parlamentares nos EUA, os democratas estão angustiados porque não sabem se dois grupos de eleitores ocasionais e de tendência liberal aparecerão para votar ou acabarão com as esperanças deles de conquistar o controle do Congresso: os hispânicos e os jovens americanos.
Uma taxa de participação elevada entre latinos e millennials é “absolutamente fundamental” para as perspectivas do partido e “é algo de grande, grande preocupação”, disse a pesquisadora democrata de opinião pública Celinda Lake. “Eu me pergunto se nós, como democratas, investimos na infraestrutura necessária para mobilizar realmente esse voto em 2018.”
O partido e seus partidários estão realizando uma campanha urgente para levar esses eleitores às urnas. Uma campanha publicitária digital lançada na segunda-feira pelos grupos democratas Senate Majority PAC e Priorities USA Action visa a mobilizar esses blocos. Um vídeo recente mostra o ex-presidente Barack Obama dizendo às pessoas que, se elas não forem votar, estarão incentivando os políticos a ignorarem questões importantes para elas. A Voto Latino e a NextGen America, um grupo financiado pelo bilionário Tom Steyer, estão trabalhando para cadastrar hispânicos e jovens, respectivamente.
Pesquisas de opinião, levantamentos de recursos e analistas independentes sugerem que os democratas estão prestes a obter ganhos significativos em 6 de novembro, o que pode garantir a eles uma maioria na Câmara dos Representantes. Os republicanos mantêm vantagem no Senado porque os democratas precisam defender 26 dos 35 assentos nas eleições de 2018, entre os quais 10 em estados nos quais Trump venceu em 2016.
Mas a baixa taxa de participação dos hispânicos pode afundar os democratas em algumas disputas para a Câmara que o partido vê como parte do caminho rumo à maioria. Existem 31 distritos mantidos pelos republicanos nos quais os latinos representam pelo menos um quarto da população, segundo o Escritório do Censo, incluindo aqueles mantidos pelos republicanos Steve Knight e Jeff Denham, da Califórnia, Will Hurd e John Culberson, do Texas, e Carlos Curbelo, da Flórida. Todos são alvos importantes dos democratas.
“Existe apenas uma dúvida realmente grande a respeito de quem aparecerá para votar”, disse Lake. “Podemos perder vagas no Senado por isso. Podemos perder -- a margem na Câmara pode ser fortemente reduzida. Há 15 assentos para os quais o voto dos millennials e dos latinos faz uma diferença enorme, pode ser a margem da vitória.”
Corey Lewandowski, ex-gerente de campanha de Donald Trump, que mantém contato com o presidente, disse que há um alto grau de incerteza a respeito de quem aparecerá para votar daqui a duas semanas.
“Não creio que alguém possa prever o que acontecerá nas eleições de novembro”, disse Lewandowski, acrescentando que “sempre há uma queda” nas eleições parlamentares. “A questão é de quanto será a queda e em que lugares.”
O discurso e as políticas de Trump contra a imigração ilegal e as tentativas de reduzir a imigração legal alimentaram sua base republicana e nas últimas semanas antes da eleição ele voltou a tratar da questão. Ele ameaçou cortar a ajuda a três países da América Central porque uma caravana de imigrantes em busca de asilo nos EUA está tentando viajar rumo à fronteira sul do país atravessando o México.