Partido Comunista diz que China não adotará democracia ocidental
Segundo o porta-voz do partido, o país continuará o processo de reforma política, mas sempre dentro das tradições "únicas" da China
EFE
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 13h23.
Pequim - A China não adotará um sistema político ao estilo das democracias ocidentais, ainda que pretenda continuar a abertura da sua economia, segundo assegurou nesta terça-feira um importante funcionário do Partido Comunista um dia antes do início do 19º Congresso da legenda que governa o país desde 1949.
"A China simplesmente não copiará nem replicará modelos de outros países", afirmou claramente Tuo Zhen, porta-voz do 19º Congresso do PCCh, em uma coletiva de imprensa prévia à abertura, amanhã, do maior evento politico no gigante asiático nos últimos cinco anos.
Tuo indicou que o país continuará o processo de reforma política, mas sempre dentro das tradições "únicas" da China, que devem marcar um caminho "adequado a nossas características".
Um dos aspectos políticos mais importantes do congresso será a eleição dos novos órgãos de direção: Comitê Central, Politburo e, sobretudo, o Comitê Permanente do Politburo, formado pelas sete pessoas mais poderosas do país.
Os analistas apontam que o secretário-geral do PCCh e presidente da China, Xi Jinping, terá neste congresso a oportunidade de reforçar seu poder para colocar mais elementos fiéis em postos-chave.
Outro aspecto que marcará o reforço da figura de Xi será que o partido modificará sua constituição para incluir alguma das suas teorias, o que lhe elevará ao nível de outros líderes como Mao Zedong ou Deng Xiaoping.
Uma das grandes incógnitas é a continuação ou aposentadoria de um dos membros do Comitê Permanente, o poderoso Wang Qishan, responsável pela Comissão de Supervisão de Disciplina, organismo que liderou a campanha contra a corrupção.
Tuo não antecipou nada neste aspecto, mas indicou que os "candidatos preliminares" para todos estes cargos, incluindo a Comissão de Disciplina, tinham sido apresentados.
Em todo caso, o porta-voz do Congresso assegurou que a campanha anticorrupção, que castigou a 1,4 milhão de funcionários nos últimos cinco anos, deu "maior apoio popular" ao partido e prosseguirá com a mesma intensidade.
No lado econômico, Tuo assegurou que a China vai continuar sua abertura ao exterior, após os insistentes pedidos que chegam de parceiros econômicos como União Europeia e Estados Unidos, ainda que não tenha detalhado se haverá decisões concretas neste congresso ou até onde chegará a abertura.
"Continuaremos fiéis à política de abertura", o que incluirá "uma expansão do acesso ao mercado e a promoção de uma nova rodada de abertura" econômica, segundo anunciou, sem dar detalhes específicos.
O alto cargo do PCCh ressaltou ainda a confiança do regime no momento positivo da economia, graças à implantação de reformas internas ou à luta contra o excessivo endividamento de empresas e entidades públicas, um problema que ainda persiste.
"A redução da alavancagem não teve um impacto negativo no crescimento econômico", garantiu.
O 19º Congresso começa amanhã com a presença de 2.287 delegados, que representam 89 milhões de filiados do Partido Comunista, e concluirá na próxima terça-feira, dia 24.
O responsável pela organização do Congresso será Liu Yunshan, atual membro do Comitê Permanente e responsável de propaganda no PCCh.