Policiais próximos a sede do jornal "Libération", atacada hoje: mobilização policial diante desses locais será mantida como medida de precaução (Gonzalo Fuentes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2013 às 09h20.
Paris - O Governo francês decidiu nesta segunda-feira reforçar a segurança nos principais meios de comunicação da capital após o ataque sofrido na sede do jornal "Libération", no qual um fotógrafo ficou gravemente ferido.
O ministro do Interior, Manuel Valls, indicou nesta segunda-feira à imprensa que a mobilização policial diante desses locais será mantida como medida de precaução até que o autor do tiroteio de hoje seja detido, porque até então "representa um verdadeiro perigo".
"Não se deve minimizar a realidade de um ato odioso deste tipo", disse Valls na saída do jornal, ao qual também visitaram a ministra de Cultura, Aurélie Filippetti, e o prefeito da cidade, Bertrand Belanoë.
O homem invadiu a sede do diário pouco depois das 10h15 local (7h15, horário de Brasília) com um fuzil, e sem dizer nada, segundo testemunhas, começou a disparar e feriu no tórax um ajudante de fotografia que trabalhava para o suplemente mensal "Next".
"Atacar o jornalismo é atacar um pilar essencial da democracia", acrescentou o diretor da publicação, Nicolas Demorand, para quem o clima de violência contra a imprensa "deveria alertar os cidadãos".
Este ataque ocorre quatro dias depois de um homem entrar na sede da rede "BFM TV" em Paris e ameaçar, também com uma pistola, em redator-chefe.
A Polícia Judiciária, encarregada da investigação, analisa as respectivas câmaras de segurança para ver se o autor dos fatos é a mesma pessoa, mas ainda não foi estabelecido nenhum vínculo entre ambos.
Por enquanto, a reconstrução dos fatos "na cena do crime", segundo qualificou Valls, não permite confirmar que se trata do mesmo agressor.
"O Libération não é e nunca foi um bunker, mas um espaço de liberdade (...). Não queremos trabalhar atrás de cortinas de ferro", acrescentou Demorand, segundo o qual nos últimos tempos o tom das cartas e as mensagens de ameaças contra sua redação supõem "um grande barulho".
A ministra de Cultura ressaltou hoje que é a primeira vez que um meio é atacado "de uma maneira tão monstruosa", e destacou que "além do ataque a um pilar da sociedade democrática, esta violência é inaceitável, e é necessário que toda a sociedade se mobilize".
"A imprensa, em um grande país como a França, deveria poder exercer seu ofício sem ser obrigada a pôr grades em sua entrada. O funcionamento normal em uma sociedade democrática é poder fazer seu trabalho, porque é indispensável", acrescentou Filippetti.
A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) também expressou sua solidariedade com o fotógrafo ferido e os trabalhadores do Libération e da "BFM TV".
"Um indivíduo ataca uma redação com uma arma de fogo e dispara. Isso é algo simplesmente repugnante", declarou a RSF em comunicado.
Essa organização pela liberdade de imprensa, com sede em Paris, expressou sua confiança nas forças policial para que detenha o autor ou os autores das agressões "para evitar que duas ações criminosas não se transformem em uma série cada vez mais obscura".