Paralisação do governo dos EUA entra no terceiro dia, na véspera do Natal
Governo dos EUA segue parcialmente paralisado após o fracasso das negociações no Congresso sobre o financiamento de um muro na fronteira com o México
AFP
Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 10h44.
Os congressistas americanos retornaram para seus distritos nesta segunda-feira, véspera do Natal , enquanto o governo federal segue parcialmente paralisado pelo terceiro dia consecutivo, após o fracasso das negociações no Congresso sobre o financiamento de um muro na fronteira com o México, uma das promessas de campanha do presidente Donald Trump.
O bloqueio, que preocupa os mercados e encerrou uma semana tumultuada nos Estados Unidos, marcada pela renúncia do secretário de Defesa Jim Mattis, pode continuar até janeiro.
Com a falta de orçamento, vários ministérios e agências governamentais fecharam na manhã de sábado, o que deixo 400.000 funcionários públicos em licença não remunerada. Outros 400.000, que trabalham em serviços considerados essenciais (alfândega, segurança aeroportuária, inspeção de saúde, entre outros), são obrigados a trabalhar sem receber salário, em um momento importante das festas de fim de ano.
"Nenhuma empresa privada poderia perturbar a vida de seus funcionários desta maneira", criticou a Federação Americana de Funcionários do Governo (AFGE), o principal sindicato da categoria, em cartas enviadas ao Senado e à Câmara de Representantes.
As negociações sobre o orçamento federal, suspensas no sábado, devem ser retomadas em 27 de dezembro. Mas "é muito possível que este 'shutdown' [paralisação] prossiga além do dia 28 e até o novo Congresso [assumir]", afirmou o diretor de orçamento da Casa Branca, Mick Mulvaney, no domingoao canal Fox News.
A primeira reunião da nova legislatura está prevista para 3 de janeiro.
Os democratas retomarão o controle da Câmara de Representantes depois da vitória eleitoral em novembro, enquanto os republicanos continuarão sendo maioria no Senado, o que projeta negociações difíceis entre as duas Casas.
Trump reafirmou no domingo a vontade de obter os 5 bilhões de dólares para a construção de um muro destinado a conter a imigração ilegal, uma de suas principais promessas de campanha.
"A única forma de evitar que as drogas, as gangues, o tráfico de pessoas, os elementos criminosos e muitas outras coisas cheguem ao nosso país é com um muro ou uma barreira", tuitou Trump no domingo.
"Os drones e tudo mais são maravilhosos e muito divertidos. Mas é só um bom muro à moda antiga que funciona!", acrescentou o presidente, que suspendeu uma viagem à Flórida.
A oposição democrata, que se nega a votar o projeto, propõe uma verba de 1,3 bilhão de dólares para melhorar o sistema de vigilância na fronteira.
Os democratas nos ofereceram 1,6 bilhão de dólares há umas duas semanas", disse Mulvaney à ABC. "Depois, ofereceram ao presidente US$ 1,3 bilhão esta semana".
"Essa é uma negociação que parece que vai na direção errada", disse o diretor de orçamento, que se tornará chefe de gabinete interino de Trump na próxima semana.
Alguns congressistas, inclusive republicanos, criticam a radicalização do presidente.
"Esta é uma briga inventada para que pareça que o presidente está brigando", disse o senador do Tennessee Bob Corker, que está em seus últimos dias no Congresso.
Mesmo se vencer, nossas fronteiras não estarão seguras", completou.
16 dias em 2013
A paralisação afeta secretarias importantes como a de Segurança Nacional, o FBI, Transportes, Tesouro ou Interior, que supervisionam os parques nacionais, muito visitados nas férias.
O bloqueio orçamentário é o terceiro do ano, após os registrados em janeiro (três dias) e fevereiro (algumas horas), já provocados pelo tema migração. O anterior, de outubro de 2013, durou 16 dias, mas o recorde de 21 dias aconteceu em 1995-96.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's calcula que o 'shutdown' de 2013 custou 24 bilhões de dólares à economia americana.