Para evadir impostos, 10% dos poloneses alegam que se dedicam à prostituição
Embora os bordéis sejam proibidos, os serviços sexuais existem de forma ilegal, sem tributação
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2011 às 06h48.
Varsóvia - Cerca de 10% dos poloneses com renda não declarada se dedicam à prostituição, ou pelo menos é isso que eles alegam ao fisco para evitar pagar altos impostos, já que os lucros derivados dessa atividade não são tributados no país.
"Obviamente é um número muito elevado, por isso que é evidente que, na maioria dos casos, se trata de uma afirmação falsa com o objetivo de evadir impostos", disse à Agência Efe a contadora Aneta Tomaszek.
O certo é que na Polônia os serviços sexuais em troca de dinheiro não estão proibidos, mas como os bordéis estão, eles costumam existir de forma clandestina.
Embora o pagamento por sexo seja permitido, a prostituição se trata de uma atividade remunerada que não é submetida à tributação, o que a transformou em uma fórmula recorrente para justificar ao fisco altas quantias de dinheiro na conta bancária.
Mas esta maneira fácil de evitar o controle do fisco pode ter os dias contados, já que o Governo decidiu exigir que as pessoas que asseguram viver do sexo demonstrem que realmente exercem a prostituição e que sua renda provém desta atividade.
"Como prova servem as faturas de hotel, as fotos, as anotações no calendário de trabalho ou os e-mails", disse a porta-voz do escritório fiscal de Lódz (centro da Polônia), Agnieszka Pawlak, em declarações à imprensa.
No escritório de Lódz, pioneira na luta contra a fraude, os contribuintes que afirmam se dedicar à prostituição são submetidos a uma entrevista com dois funcionários, na qual devem provar a existência de uma atividade sexual remunerada.
"No geral, eles não chegam a essa etapa", acrescentou Agnieszka, já que a maioria de pessoas que dizem se prostituir são incapazes de provar e acabam desistindo.
Os esforços do fisco polonês pretendem reduzir o peso da economia informal no país, onde, segundo um recente relatório do Banco Mundial (BM), corresponde a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB).
Não se sabe o número de poloneses que realmente exercem a prostituição na Polônia, onde a falta de trabalhos formais contrasta com a intensa publicidade de agências de acompanhantes.
Segundo o site especializado na análise dos salários na Polônia, "wynagrodzenia.pl", uma prostituta de 18 anos ganha uma média de 180 zloti (cerca de US$ 60) por uma hora de serviço, enquanto o valor se reduz para 110 zloti (US$ 40) quando se trata de uma mulher de 50 anos.
Já o custo de uma noite oscila entre 1,2 mil e 1,5 mil zloti (US$ 420 a US$ 520), com Varsóvia como a região mais cara e Poznan como a mais barata na hora de contratar os serviços de uma prostituta.
Além da existência de um mercado de prostituição real, a Polônia é considerada ainda um lugar de passagem da prostituição europeia, já que se estima que cerca de 15 mil pessoas, em sua maioria mulheres, passem a cada ano pelas mãos das máfias para exercer essa atividade em outros países da Europa, principalmente Inglaterra, França, Alemanha, Itália ou Espanha.