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Paquistaneses dizem que EUA mataram Bin Laden "a sangue frio"

Versão do exército do Paquistão entra em conflito com declarações de Washington

Assassinato de Obama coloca em cheque as relações diplomáticas com o governo paquistanês (Mark Wilson / Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 14h25.

Abbottabad/Roma - Uma autoridade sênior de segurança do Paquistão disse que as tropas norte-americanas mataram Osama bin Laden "a sangue frio", aumentando tensões que Washington procurava apaziguar nesta quinta-feira.

O Exército do Paquistão, em sua primeira declaração desde a operação militar do domingo, ameaçou suspender a cooperação com os EUA, de quem recebe ajuda militar, se os norte-americanos repetirem o que descreveu ter sido uma violação de sua soberania.

Mas a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que Washington ainda deseja conservar sua aliança com Islamabad.

"Nem sempre é um relacionamento fácil. Vocês sabem disso", disse Hillary.

"Por outro lado, é um relacionamento produtivo para nossos dois países, e vamos continuar a cooperação entre nossos governos, nossas forças armadas, nossas agências policiais, mas, o que é mais importante, entre o povo americano e o povo paquistanês", afirmou.

Os norte-americanos estão questionando como foi possível que o líder da Al Qaeda tivesse vivido por anos em certo conforto em uma cidade próxima da capital paquistanesa e dotada de uma guarnição militar. Alguns pedem que os EUA cortem bilhões de dólares em assistência ao Paquistão.

Enquanto Hillary se reunia com aliados europeus e árabes em Roma, o chefe do Estado-Maior do Exército paquistanês, general Ashfaq Kayani, divulgou um comunicado dizendo que quaisquer novas operações dos EUA levarão ao possível fim da cooperação com o Pentágono em questões de segurança e inteligência.

"Qualquer ação semelhante que viole a soberania do Paquistão vai justificar uma revisão ao nível da cooperação militar e de inteligência com os Estados Unidos", disse o Exército.


Em mais um sinal das relações conturbadas entre os dois países aliados, funcionários seniores de segurança do Paquistão disseram à Reuters que os relatos feitos pelos EUA foram enganosos quando descreveram um tiroteio prolongado na mansão em Abbotabbad na qual Bin Laden e quatro outras pessoas foram mortas por um esquadrão de elite dos Seals da Marinha americana.

"Foi uma ação feita a sangue frio", disse um representante paquistanês, quando perguntado se ocorreu uma troca de tiros. Após um relato inicial sobre um tiroteio que teria durado 40 minutos, agora autoridades norte-americanas foram citadas como tendo dito que apenas uma pessoa disparou contra os militares americanos, e apenas brevemente, na chegada da equipe trazida por helicóptero.

O reconhecimento pelos EUA de que Bin Laden estava desarmado quando recebeu um tiro na cabeça -- além do sepultamento de seu corpo no mar, uma prática rara no islã -- vêm atraindo críticas do mundo árabe e da Europa, onde alguns setores avisaram sobre uma reação contra o Ocidente, mesmo por parte de muçulmanos que rejeitam a violência da Al Qaeda.

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Abbottabad/Roma - Uma autoridade sênior de segurança do Paquistão disse que as tropas norte-americanas mataram Osama bin Laden "a sangue frio", aumentando tensões que Washington procurava apaziguar nesta quinta-feira.

O Exército do Paquistão, em sua primeira declaração desde a operação militar do domingo, ameaçou suspender a cooperação com os EUA, de quem recebe ajuda militar, se os norte-americanos repetirem o que descreveu ter sido uma violação de sua soberania.

Mas a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que Washington ainda deseja conservar sua aliança com Islamabad.

"Nem sempre é um relacionamento fácil. Vocês sabem disso", disse Hillary.

"Por outro lado, é um relacionamento produtivo para nossos dois países, e vamos continuar a cooperação entre nossos governos, nossas forças armadas, nossas agências policiais, mas, o que é mais importante, entre o povo americano e o povo paquistanês", afirmou.

Os norte-americanos estão questionando como foi possível que o líder da Al Qaeda tivesse vivido por anos em certo conforto em uma cidade próxima da capital paquistanesa e dotada de uma guarnição militar. Alguns pedem que os EUA cortem bilhões de dólares em assistência ao Paquistão.

Enquanto Hillary se reunia com aliados europeus e árabes em Roma, o chefe do Estado-Maior do Exército paquistanês, general Ashfaq Kayani, divulgou um comunicado dizendo que quaisquer novas operações dos EUA levarão ao possível fim da cooperação com o Pentágono em questões de segurança e inteligência.

"Qualquer ação semelhante que viole a soberania do Paquistão vai justificar uma revisão ao nível da cooperação militar e de inteligência com os Estados Unidos", disse o Exército.


Em mais um sinal das relações conturbadas entre os dois países aliados, funcionários seniores de segurança do Paquistão disseram à Reuters que os relatos feitos pelos EUA foram enganosos quando descreveram um tiroteio prolongado na mansão em Abbotabbad na qual Bin Laden e quatro outras pessoas foram mortas por um esquadrão de elite dos Seals da Marinha americana.

"Foi uma ação feita a sangue frio", disse um representante paquistanês, quando perguntado se ocorreu uma troca de tiros. Após um relato inicial sobre um tiroteio que teria durado 40 minutos, agora autoridades norte-americanas foram citadas como tendo dito que apenas uma pessoa disparou contra os militares americanos, e apenas brevemente, na chegada da equipe trazida por helicóptero.

O reconhecimento pelos EUA de que Bin Laden estava desarmado quando recebeu um tiro na cabeça -- além do sepultamento de seu corpo no mar, uma prática rara no islã -- vêm atraindo críticas do mundo árabe e da Europa, onde alguns setores avisaram sobre uma reação contra o Ocidente, mesmo por parte de muçulmanos que rejeitam a violência da Al Qaeda.

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