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Papa visita estado menos católico e mais pobre do México

O uso de línguas indígenas locais foi autorizado nas cerimônias católicas durante a missa que celebrará em um centro esportivo


	Indígenas: Francisco convidou a população a "fazer dessa bendita terra mexicana uma terra de oportunidades"
 (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)

Indígenas: Francisco convidou a população a "fazer dessa bendita terra mexicana uma terra de oportunidades" (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 11h44.

Chiapas, o estado menos católico do México, recebe nesta segunda-feira o Papa Francisco, que busca impulsionar a presença de sua igreja entre a numerosa e empobrecida comunidade indígena local.

A visita do Papa no terceiro dia de sua visita ao México se estenderá até quarta-feira.

O uso de línguas indígenas locais foi autorizado nas cerimônias católicas durante a missa que celebrará em um centro esportivo de San Cristóbal de las Casas ante diversos grupos étnicos.

As leituras e os cantos da missa serão feitos em línguas chol, tzotzil e tzeltal e famílias tojolabales e zoques entregarão oferendas de pão e vinho.

Chiapas, na fronteira com a Guatemala, é porta de entrada da América Central e do Sul para um fluxo em massa de migrantes que viajam clandestinamente com a esperança de chegar aos Estados Unidos.

No domingo, Francisco pediu aos mexicanos que façam de seu país uma terra de oportunidades, onde "não haja necessidade de emigrar para sonhar" e onde não exista o risco de cair nas mãos do que chamou de "traficantes da morte".

Em uma homilia pronunciada para 300.000 fiéis na cidade de Ecatepec, próxima à capital, Francisco convidou a população a "fazer dessa bendita terra mexicana uma terra de oportunidades, onde não exista a necessidade de emigrar para sonhar, onde não haja necessidade de ser explorado para trabalhar".

Falando em uma cidade devastada pela violência, especialmente contra imigrantes e contra mulheres, o pontífice pediu que se faça do México "uma terra que não tenha de chorar por seus homens e mulheres, por jovens e crianças que terminam destruídos nas mãos dos traficantes da morte".

A mensagem de Francisco foi dada ao final de sua missa em Ecatepec, situada em uma área de passagem de emigrantes centro-americanos, que tentam chegar aos Estados Unidos.

Pouco antes, Francisco havia advertido sobre as tentações do demônio de se buscar dinheiro, fama e poder.

"Irmãs e irmãos, coloquem na cabeça: com o demônio não se conversa, não se pode conversar, porque ele vai ganhar sempre. Apenas a força da palavra de Deus pode derrotá-lo", frisou, admitindo que "sabemos o que significa sermos seduzidos pelo dinheiro, pela fama e pelo poder".

Realizada no campus de uma universidade de Ecatepec, com capacidade para 300 mil pessoas, a missa foi celebrada um dia depois de Francisco ter pressionado líderes políticos e religiosos para que combatam a ameaça da violência proveniente do tráfico de drogas.

Milhares de fiéis passaram a noite neste subúrbio, desafiando o clima, para ouvir o pontífice, que chegou para falar dos problemas que assolam o país.

A cidade de 1,6 milhão de habitantes faz parte do estado do México, uma região que se tornou famosa pelos números alarmantes de desaparecimentos de mulheres e resgate de muitos de seus corpos desmembrados flutuando no Río de los Remedios, cerca de 20km da sede da missa deste domingo.

Foram pelo menos 600 assassinatos de mulheres entre janeiro de 2014 e setembro de 2015, segundo dados da ONG Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio.

Antes de chegar ao México, o pontífice argentino afirmou que falaria de forma clara sobre a corrupção e o alto índice de criminalidade que afeta vários lugares do país.

No sábado, aproveitou sua visita ao Palácio Nacional e à catedral da capital para exigir dos líderes políticos e religiosos que sejam mais ativos no desenvolvimento da paz no país.

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