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Papa vai à AL para reparar frustração de um continente

A América Latina, que contava em 2010 com 28,34% dos católicos do mundo, segundo as estatísticas do Vaticano, foi visitada apenas uma vez pelo pontífice alemão

O Papa chega a um continente no qual outras igrejas, várias pentecostais, se multiplicaram graças ao seu trabalho social (©AFP / Omar Torres)
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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 14h57.

Cidade do Vaticano - O papa Bento XVI realiza nesta sexta-feira aos 85 anos uma viagem de seis dias ao México e a Cuba para responder à frustração do continente mais católico do mundo, que se sente pouco ouvido por um pontífice muito concentrado na Europa.

A América Latina, que contava em 2010 com 28,34% dos católicos do mundo, segundo as estatísticas do Vaticano, foi visitada apenas uma vez pelo pontífice alemão: em 2007 para assistir à assembleia geral do Conselho Episcopal Latino-Americano, realizada no Brasil.

Das 22 viagens realizadas ao exterior em sete anos de pontificado, 16 delas foram à Europa, uma proporção surpreendente.

Não pisou até agora em nenhum país da América Latina de língua espanhola, enquanto programou uma segunda visita ao Brasil, em 2013, para a Jornada Mundial da Juventude.

Os colaboradores mais próximos do Papa asseguram que Bento XVI aceitou realizar uma viagem tão longa e cansativa para sua idade porque quer responder aos desejos de milhares de latino-americanos de língua espanhola.

"Paga uma dívida com a América Latina", reconheceu o cardeal mexicano Juan Sandoval em uma entrevista ao jornal de seu país El Informador.

Para muitos, a visão eurocentrista do mundo de Bento XVI, ilustre teólogo, pesou na situação.

"É possível que seja eurocentrista. Às vezes é e às vezes não", sustenta Sandoval, que observa que nomeou muitos cardeais europeus, mas também centrou seu olhar na África, "continente que visitou várias vezes", disse.


As duas etapas da viagem respondem a duas lógicas diferentes. O México foi escolhido por ser o país mais católico de língua espanhola (83%) e Cuba porque, com a visita, coroa o papel ativo da Igreja católica na abertura do regime comunista, quatorze anos depois da histórica visita de João Paulo II à ilha caribenha.

O Papa chega a um continente no qual outras igrejas, várias pentecostais, se multiplicaram graças ao seu trabalho social.

A resposta frente a este desafio, tanto por parte de João Paulo II como de Bento XVI, foi a de nomear prelados conservadores, proibir a teologia da libertação e frear qualquer disputa interna.

Também são registradas tensões e incompreensões por vários assuntos de caráter social, entre eles a condenação ao divórcio, a homossexualidade, o aborto e a contracepção.

O escândalo pela pedofilia de padres também atingiu a América Latina e toda a região viveu os efeitos da revolução sexual.

Em uma entrevista à agência de notícias católica I-Media, o único latino-americano designado cardeal pelo Papa durante o consistório de fevereiro passado, o brasileiro João Braz de Aviz, convocou a Europa a descer de seu pedestal e a "deixar de olhar de cima para baixo".

"Até quando Europa e Estados Unidos vão nos dirigir?", se perguntava.

"Não se pode deixar de levar em conta que a América Latina, Ásia e África mudaram, não se pode continuar pensando que são colônias ou do Terceiro Mundo", acrescentou.

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Cidade do Vaticano - O papa Bento XVI realiza nesta sexta-feira aos 85 anos uma viagem de seis dias ao México e a Cuba para responder à frustração do continente mais católico do mundo, que se sente pouco ouvido por um pontífice muito concentrado na Europa.

A América Latina, que contava em 2010 com 28,34% dos católicos do mundo, segundo as estatísticas do Vaticano, foi visitada apenas uma vez pelo pontífice alemão: em 2007 para assistir à assembleia geral do Conselho Episcopal Latino-Americano, realizada no Brasil.

Das 22 viagens realizadas ao exterior em sete anos de pontificado, 16 delas foram à Europa, uma proporção surpreendente.

Não pisou até agora em nenhum país da América Latina de língua espanhola, enquanto programou uma segunda visita ao Brasil, em 2013, para a Jornada Mundial da Juventude.

Os colaboradores mais próximos do Papa asseguram que Bento XVI aceitou realizar uma viagem tão longa e cansativa para sua idade porque quer responder aos desejos de milhares de latino-americanos de língua espanhola.

"Paga uma dívida com a América Latina", reconheceu o cardeal mexicano Juan Sandoval em uma entrevista ao jornal de seu país El Informador.

Para muitos, a visão eurocentrista do mundo de Bento XVI, ilustre teólogo, pesou na situação.

"É possível que seja eurocentrista. Às vezes é e às vezes não", sustenta Sandoval, que observa que nomeou muitos cardeais europeus, mas também centrou seu olhar na África, "continente que visitou várias vezes", disse.


As duas etapas da viagem respondem a duas lógicas diferentes. O México foi escolhido por ser o país mais católico de língua espanhola (83%) e Cuba porque, com a visita, coroa o papel ativo da Igreja católica na abertura do regime comunista, quatorze anos depois da histórica visita de João Paulo II à ilha caribenha.

O Papa chega a um continente no qual outras igrejas, várias pentecostais, se multiplicaram graças ao seu trabalho social.

A resposta frente a este desafio, tanto por parte de João Paulo II como de Bento XVI, foi a de nomear prelados conservadores, proibir a teologia da libertação e frear qualquer disputa interna.

Também são registradas tensões e incompreensões por vários assuntos de caráter social, entre eles a condenação ao divórcio, a homossexualidade, o aborto e a contracepção.

O escândalo pela pedofilia de padres também atingiu a América Latina e toda a região viveu os efeitos da revolução sexual.

Em uma entrevista à agência de notícias católica I-Media, o único latino-americano designado cardeal pelo Papa durante o consistório de fevereiro passado, o brasileiro João Braz de Aviz, convocou a Europa a descer de seu pedestal e a "deixar de olhar de cima para baixo".

"Até quando Europa e Estados Unidos vão nos dirigir?", se perguntava.

"Não se pode deixar de levar em conta que a América Latina, Ásia e África mudaram, não se pode continuar pensando que são colônias ou do Terceiro Mundo", acrescentou.

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