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Papa promete mudar mentalidade do Vaticano

Francisco disse que muitos papas anteriores na longa história da Igreja foram "narcisistas" que deixaram-se lisonjear por seus assessores "cortesãos"


	Papa Francisco: "Protege aos interesses do Vaticano, que ainda são, em grande parte, interesses temporais. Essa visão centrada no Vaticano negligencia o mundo a seu redor e eu farei de tudo para mudá-la"
 (Vincenzo Pinto/AFP)

Papa Francisco: "Protege aos interesses do Vaticano, que ainda são, em grande parte, interesses temporais. Essa visão centrada no Vaticano negligencia o mundo a seu redor e eu farei de tudo para mudá-la" (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2013 às 10h11.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco prometeu fazer tudo a seu alcance para mudar a mentalidade do Vaticano, dizendo em uma entrevista publicada nesta terça-feira que a Santa Sé está demasiadamente focada em seus próprios interesses.

O pontífice também revelou ter considerado por um momento não aceitar sua eleição como o primeiro papa não europeu em 1300 anos, após ser escolhido por seus colegas cardeais em março.

Na longa entrevista com o editor ateu do jornal de inclinação de esquerda La Repubblica, Francisco disse que muitos papas anteriores na longa história da Igreja foram "narcisistas" que deixaram-se lisonjear por seus assessores "cortesãos".

"A corte (papal) é a lepra do papado", disse Francisco, que trouxe um novo estilo de abertura e simplicidade para o papado.

A entrevista, concedida na semana passada na espartana residência do papa em uma hospedaria do Vaticano, foi publicado no momento em que ele dá início a uma reunião de três dias a portas fechadas com oito cardeais de todo o mundo, para ajudá-lo a reformar a complicada administração do Vaticano, conhecida como a Cúria.

Há alguns "cortesãos" entre os administradores da Cúria, disse Francisco, mas seu maior defeito é ser muito voltada para si mesma.

"Protege aos interesses do Vaticano, que ainda são, em grande parte, interesses temporais. Essa visão centrada no Vaticano negligencia o mundo a seu redor e eu farei de tudo para mudá-la", disse ele.

Francisco disse que os oito cardeais que escolheu para formar o conselho consultivo não possuíam motivações egoístas.


"Eles não são cortesãos, mas sim pessoas sábias, que são inspiradas pelos meus mesmos sentimentos. Esse é o início de uma Igreja como uma organização que não é unicamente vertical mas também horizontal", disse o pontífice.

Ao falar sobre sua fé pessoal, Francisco disse: "Um Deus Católico não existe... Eu acredito em Jesus Cristo, em sua encarnação. Jesus é meu mestre e meu pastor, mas Deus, o pai... é a luz e o criador. Esse é o meu ser." Na entrevista, o papa argentino disse que na noite que seus colegas cardeais o elegeram na Capela Sistina em 13 de março, antes de aceitar formalmente, ele pediu para ir a uma sala anexa para estar sozinho.

"Minha cabeça estava completamente vazia e uma grande ansiedade caiu sobre mim. Para aliviá-la e relaxar, eu fechei meus olhos e todos os pensamentos se foram, até aquele de não aceitar, o que era permitido pelos procedimentos litúrgicos", afirmou.

Em 19 de setembro, uma revista jesuíta publicou uma entrevista histórica com Francisco na qual ele disse que a Igreja Católica deve deixar de lado uma obsessão por doutrinas sobre o aborto, contracepção e homossexualidade e se tornar mais misericordiosa.

Francisco não discutiu temas sobre moral sexual na entrevista com o La Repubblica.

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