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Papa Francisco faz gesto para a China em viagem a Ásia

O Vaticano não tem relações com a China há mais de 60 anos, e a nomeação de bispos católicos é um dos principais entraves


	Papa Francisco: ideologia comunista passa por enfraquecimento em meio ao crescimento econômico
 (Reuters/Kim Hong-Ji)

Papa Francisco: ideologia comunista passa por enfraquecimento em meio ao crescimento econômico (Reuters/Kim Hong-Ji)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2014 às 10h03.

Seosan - No penúltimo dia de sua visita de cinco dias à Coreia do Sul, o papa Francisco fez um gesto de aproximação a China. O pontífice enviou uma de suas mais explícitas mensagens para o gigante asiático e expressou sua esperança de estabelecer relações com Pequim.

Durante um encontro com bispos asiáticos neste domingo, Papa Francisco declarou que "espera firmemente que os países asiáticos com quem a Santa Sé ainda não tem relações não hesitem em perseguir um diálogo que beneficie todas as partes". O Vaticano, que tem relações diplomáticas com a maioria dos países no mundo, não tem um relacionamento com a China.

Francisco ainda declarou que "os cristãos não vêm como conquistadores", uma referência velada destinada a acalmar preocupações chinesas de que atividades religiosas possam fomentar discórdia política.

Embora cautelosos e breves, os comentários foram os primeiros sobre um tema de grande interesse do Vaticano, já que há a percepção de erosão na ideologia comunista na China em meio ao rápido crescimento econômico e de que isso estaria deixando um vácuo espiritual.

As palavras do papa chegam no quarto dia de uma viagem de cinco dias para a Coreia do Sul, a primeira do pontífice para a Ásia. O Vaticano não tem relações com a China há mais de 60 anos, com o tema delicado da nomeação de bispos católicos como um problema central.

A Associação Patriótica Católica, controlada pelo governo chinês, reclama o direito de nomear bispos, enquanto a Santa Sé resguarda isso como um direito inalienável.

O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, descreveu os comentários do papa como "um sinal de boa-fé", destinado a mostrar que autoridades chinesas "não podem temer a Santa Sé como uma potência que vem exercer seu poder, mas vê-la como uma autoridade religiosa".

Desde sua chegada a Coreia do Sul na quinta-feira, o papa foi recebido de forma calorosa, reunindo uma audiência de mais de 50 mil pessoas num estádio de futebol na sexta-feira e levando uma multidão de cerca de 800 mil pessoas para uma cerimônia de beatificação de 124 mártires coreanos no sábado.

Mais cedo no domingo, o papa batizou o pai de uma das vítimas do naufrágio em Sewol, que matou mais de 300 pessoas, a maioria crianças em idade escolar, em abril. Durante a tarde, Francisco celebrou uma missa no Castelo de Haemi, um popular destino de peregrinação.

Na segunda-feira, antes de sair para Roma, o papa vai celebrar uma missa para paz e reconciliação da dividida Península da Coreia numa catedral em Seul. Fonte: Dow Jones Newswires.

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