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Países investigam nomes ligados ao caso "Panama Papers"

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung disse ter recebido a enorme leva de documentos e os compartilhado com os outros veículos de imprensa


	Logo da Mossack Fonseca: o Brasil está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos
 (Reinhard Krause/ Reuters)

Logo da Mossack Fonseca: o Brasil está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos (Reinhard Krause/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2016 às 09h09.

Sydney/Cidade do Panamá - Autoridades da Austrália e da Nova Zelândia começaram a investigar clientes locais de um escritório de advocacia sediado no Panamá que está no centro de um gigantesco vazamento de dados por suspeita de evasão fiscal.

Outras jurisdições devem seguir o mesmo caminho na esteira do vazamento, ocorrido durante o final de semana, de detalhes de centenas de milhares de clientes em mais de 11,5 milhões de documentos dos arquivos do escritório Mossack Fonseca, que tem sede no Panamá.

Os documentos estão no centro de uma investigação publicada no domingo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e mais de 100 outras organizações de mídia de todo o mundo.

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung disse ter recebido a enorme leva de documentos e os compartilhado com os outros veículos de imprensa.

Os "Papéis do Panamá" cobrem um período de quase 40 anos, de 1977 até dezembro passado, e supostamente mostram que algumas empresas sediadas em paraísos fiscais estavam sendo usadas supostamente para lavagem de dinheiro, negociações com armas e drogas e evasão fiscal.

O Brasil está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos.

Os documentos obtidos apontam que a Mossack Fonseca criou ou gerenciou cerca de 100 empresas offshore para ao menos 57 indivíduos ou empresas já relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras investigado pela operação Lava Jato, de acordo com reportagens.

"Acho que o vazamento irá se mostrar o maior golpe que o mundo offshore já sofreu, por causa da amplitude dos documentos", disse Gerard Ryle, diretor do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

O jornal britânico Guardian disse que os documentos revelaram que uma rede de acordos e empréstimos offshore secretos no valor de 2 bilhões de dólares apontou para amigos íntimos do presidente da Rússia, Vladimir Putin. A Reuters não conseguiu confirmar os detalhes de forma independente.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou a acusação. "O principal alvo desta desinformação é o nosso presidente, especialmente no contexto das próximas eleições parlamentares e no contexto de uma perspectiva de longo prazo - ou seja, as eleições presidenciais em dois anos", disse Peskov em teleconferência com jornalistas.

O Escritório de Impostos da Austrália informou estar investigando mais de 800 clientes abastados da Mossack Fonseca.

"Já ligamos mais de 120 deles a um provedor de serviços offshore associado localizado em Hong Kong", disse o escritório em comunicado, sem identificar a empresa de Hong Kong.

"Ataque cibernético"

O diretor da Mossack Fonseca, Ramon Fonseca, negou qualquer irregularidade, mas disse que seu escritório sofreu um bem-sucedido, porém "limitado", ataque cibernético. o advogado descreveu a invasão e o vazamento como "uma campanha internacional contra a privacidade".

Fonseca, que até março era uma importante autoridade do governo do Panamá, disse em uma entrevista à Reuters por telefone no domingo que sua firma, especializada em abrir empresas offshore, formou mais de 240 mil companhias.

A "grande maioria" foi usada para "fins legítimos", alega.

Os documentos ainda mostram o envolvimento da família do primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, em empresas offshore, incluindo sua filha, Mariam, e seu filho, Hussain.

O ministro da Informação paquistanês, Pervez Rasheed, negou qualquer irregularidade da parte de Sharif.

A agência fiscal da Nova Zelândia disse estar trabalhando de perto com seus parceiros de tratado fiscal para obter detalhes completos de qualquer contribuinte neozelandês que possa estar envolvido em arranjos facilitados pela Mossack Fonseca.

Separadamente, reportagens afirmaram que os dados vazados apontam para uma ligação entre um membro do Comitê de Ética da Fifa e um dirigente de futebol do Uruguai que foi preso no ano passado durante um inquérito dos Estados Unidos sobre a corrupção no futebol.

No domingo, o Comitê de Ética da Fifa disse que Juan Pedro Damiani, membro da câmara adjudicatória do comitê, está sendo investigado por uma possível relação de negócios com o também uruguaio Eugenio Figueredo, um dos dirigentes presos em Zurique em 2015.

Damiani disse à Reuters em Montevidéu que cortou relações com Figueredo quando este último foi acusado de corrupção.

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