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Países europeus fazem acordo e vão receber 356 migrantes do "Ocean Viking"

Navio de grupo humanitário, que resgatou refugiados, estava em meio a situação de crise porque não pode atracar na Itália e nem em Malta

Imigrantes: preocupação de entidades humanitárias era a escassez de comida no navio (PKP/FW1/Darren Schuettler/Getty Images)

Imigrantes: preocupação de entidades humanitárias era a escassez de comida no navio (PKP/FW1/Darren Schuettler/Getty Images)

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AFP

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 13h58.

Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 14h03.

O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, anunciou nesta sexta-feira que seis países da União Europeia concordaram em distribuir os 356 migrantes a bordo do navio humanitário "Ocean Viking".

Depois de mais de dez dias à deriva, o acordo é um alívio para as ONGs SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras que estavam ficando sem mantimentos para os migrantes.

"Todos os migrantes" a bordo da embarcação das ONGs serão transferidos para um navio militar maltês, desembarcados e depois distribuídos entre a França, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo, Portugal e Romênia, disse Muscat em sua conta do Twitter.

"Ninguém ficará em Malta", acrescentou ele.

O acordo foi alcançado "após discussões com a Comissão Europeia e alguns Estados membros, a saber, França e Alemanha", informou.

A França vai receber 150 migrantes dos 356, anunciaram fontes oficiais, que há três dias confirmaram a recepção de outros 40 migrantes de outro navio humanitário, o Open Arms, bloqueado na Itália.

O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, ressaltou que a França "demonstrou sua solidariedade" e agradeceu as autoridades maltesas, em especial seu homólogo, bem como o comissário europeu para as Migrações por sua mediação.

"Juntos, conseguimos forjar uma solução europeia", escreveu ele no Twitter.

"Enquanto alguns Estados da UE finalmente deram um passo adiante com uma resposta humana a este desastre humanitário no Mediterrâneo, agora é necessário um mecanismo de desembarque confiável!", pediu a ONG SOS Mediterranée.

Os socorristas alertaram nesta sexta-feira que o Ocean Viking estava ficando sem suprimentos. "Temos quatro dias de ração", disse um porta-voz da MSF a bordo.

O coordenador das operações de resgate do Ocean Viking, Nicholas Romaniuk, garantiu à jornalista da AFP a bordo do navio que agora aguarda"uma comunicação oficial das autoridades maltesas" para iniciar o desembarque.

O navio, de 69 metros (220 pés), teve a entrada negada nos portos de Malta e Itália e ficou 14 dias em águas internacionais entre Malta e a Sicília.

Este é um dos últimos casos de confronto entre as autoridades dos países europeus e as organizações humanitárias que resgatam migrantes no Mediterrâneo.

A maioria dos migrantes no Ocean Viking são homens adultos e cerca de dois terços vêm do Sudão, outros da Costa do Marfim, do Mali e do Senegal.

A bordo também há quatro mulheres e cinco crianças com entre um e seis anos. Quase 100 são menores de 18 anos.

Muitos foram resgatados em águas líbias e tinham sintomas de desidratação severa e, em alguns casos, estavam quase desnutridos, disse a equipe médica do navio.

Os migrantes relataram sua passagem pela Líbia, devastada pelo conflito, os abuso e maus-tratos, detenção arbitrária e até mesmo tortura.

Outra embarcação humanitária, o MareJonio, operado pelo grupo italiano de esquerda Mediterraneo, partiu na quinta-feira em direção à costa da Líbia.

A embarcação havia sido embargada pelo ministro do Interior de extrema-direita Matteo Salvini, líder da Liga, conhecido por sua política dura contra a migração e cujo governo caiu esta semana.

Em razão da crise, a política antimigração na Itália está atualmente em discussão e não se descarta que o fechamento dos portos para navios humanitários seja suspenso.

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