Vítimas de uma crise inglória: Aylan al-Kurdi, de 3 anos, ao lado de seu irmão Galip, de 5 anos. (Reprodução Twitter)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2015 às 14h58.
Ancara - O sírio Abdullah Kurdi, pai de um menino de 3 anos fotografado quando estava já morto afogado em uma praia da Turquia, descreveu como o barco lotado em que eles estavam virou no mar e disse que logo percebeu que seus dois filhos e sua mulher haviam se afogado.
A foto do menino Aylan Kurdi, que rodou o mundo, foi uma mostra do desespero dos imigrantes que ameaçam suas vidas para tentar alcançar a Europa, numa onda de imigração sem paralelo desde a Segunda Guerra, motivada pela guerra e pelas condições ruins de vida.
Abdullah Kurdi disse que o capitão do navio entrou em pânico, diante de fortes ondas no mar, deixando-o no controle da pequena embarcação, com sua família e outros imigrantes a bordo.
Ele relatou que as ondas eram tão altas que a embarcação virou. "Eu peguei minha mulher e meus filhos nos braços e percebi que todos estavam mortos", afirmou ele. "Tudo que quero agora é estar com meus filhos."
Kurdi disse que o pequeno barco, que ia para a ilha grega de Kos, estava superlotado com 12 imigrantes e o capitão. Foi apenas no mar que o capitão abandonou a embarcação, segundo ele.
"Minhas crianças eram as mais lindas do mundo, maravilhosas, elas me acordavam todas as manhãs para brincar com elas. Todas se foram agora", lamentou-se. As poderosas fotos do bebê morto na praia geraram ainda mais debates sobre o aprofundamento da crise imigratória.
A irmão de Abdullah, Teema Kurdi, disse que a família - seu irmão Abdullah, sua mulher, Rehan, e seus dois garotos, Aylan, de 3 anos, e Galip, de 5 - embarcou em uma perigosa jornada apenas após sua tentativa de viajar até o Canadá ser rejeitada.
Ela tentou obter o status de refugiados no Canadá para os parentes da cidade síria de Kobani, que ficou devastada pelos confrontos entre o Estado Islâmico e os combatentes curdos, disse o legisladores canadense Fin Donnelly, que havia entregado o pedido em nome da família.
As autoridades do setor de imigração do Canadá rejeitaram o pedido, em parte porque a família não tinha visto de saída para facilitar sua passagem para fora da Turquia e por não terem reconhecido internacionalmente o direito de refúgio. Autoridades do Canadá investigam o caso.
No total, 12 imigrantes morreram afogados, quando dois barcos naufragaram. No total, 12 imigrantes se afogaram quando dois barcos naufragaram.