Mundo

Otan pede à Rússia fim de ações militares ilegais na Ucrânia

Secretário-geral afirmou que a Aliança Atlântica não fechará as suas portas à Ucrânia se este país desejar se somar à Otan


	Vladimir Putin: ele declarou que é preciso obrigar Kiev a negociar com os separatistas pró-russos
 (Ivan Sekretarev/AFP)

Vladimir Putin: ele declarou que é preciso obrigar Kiev a negociar com os separatistas pró-russos (Ivan Sekretarev/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 15h36.

Bruxelas - A Otan pediu à Rússia, em termos muito firmes, o fim de suas "ações militares ilegais" na Ucrânia, mas o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que é preciso obrigar Kiev a negociar com os separatistas pró-russos.

"Condenamos firmemente o permanente desprezo da Rússia as suas obrigações internacionais. Pedimos à Rússia que detenha as ações militares ilegais, interrompa o apoio aos separatistas armados e adote medidas imediatas e verificáveis para uma desescalada desta crise", declarou o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, após uma reunião urgente dos embaixadores dos países membros em Bruxelas.

A Aliança Atlântica não fechará as suas portas à Ucrânia se este país desejar se somar à Otan, acrescentou Rasmussen. Kiev também anunciou nesta sexta-feira sua intenção de retomar seu processo de adesão à Aliança.

Rasmussen lembrou "a decisão tomada em 2008 pela Otan segundo a qual a Ucrânia seria integrante" da organização. Cada país tem "o direito de decidir por si mesmo, sem ingerência do exterior", acrescentou o secretário-geral.

A Ucrânia havia renunciado em 2010 a este projeto sob o governo pró-russo da época. Mas nesta sexta-feira o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, anunciou que o governo submeterá ao Parlamento um projeto de lei que "anule o status 'fora do bloco' (atlântico) da Ucrânia e retome o caminho da adesão à Otan".

Enquanto a Otan lançava advertências contra Moscou, Putin declarou que é preciso obrigar Kiev a negociar com os separatistas pró-russos que enfrentam as forças armadas ucranianas no leste do país.

"É necessário obrigar as autoridades ucranianas a iniciar negociações substanciais. Não sobre questões técnicas, e sim profundas: que direitos terão as populações de Donbass, de Lugansk, do sudeste do país", disse Putin em um encontro dos movimentos juvenis pró-Kremlin.

Em um comunicado divulgado horas antes, Putin elogiou os consideráveis êxitos dos insurgentes no leste da Ucrânia, num momento em que o Ocidente ameaça Moscou com mais sanções diante da "evidente" incursão de tropas russas na Ucrânia.

O presidente russo inclusive chegou a pedir a abertura de um corredor humanitário para a passagem das tropas ucranianas cercadas pelos insurgentes.

Defender Mariupol

Depois de denunciar uma invasão russa, Kiev pediu aos ocidentais sanções significativas contra a Rússia e uma ajuda militar, dois temas que são tratados nesta sexta-feira em uma reunião de urgência da Otan em Bruxelas, e em outra dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia em Milão.

Como costuma ocorrer quando há ameaça de sanções, Moscou se referiu nesta sexta-feira à questão do gás.

O ministro russo da Energia advertiu que há riscos elevados para a entrega de gás russo à Europa no inverno, já que ele pode ser "captado ilegalmente pela Ucrânia (por onde transita) para suas próprias necessidades".

No campo militar, Kiev admitiu na quinta-feira que tropas russas tomaram o controle da cidade costeira de Novoazovsk, situada perto da fronteira russa.

Esta cidade está localizada a 40 km do estratégico porto ucraniano de Mariupol, no mar de Azov e com 460.000 habitantes. O governador da região de Donetsk, Seguei Taruta - favorável ao governo de Kiev - convocou os habitantes do porto a criar um batalhão para se defender dos russos.

A cidade está estrategicamente situada entre a fronteira russa e a península da Crimeia, anexada por Moscou em março. Seus habitantes fugiam nesta sexta-feira diante do avanço dos rebeldes pró-russos, constataram jornalistas da AFP.

Segundo um relatório da ONU publicado nesta sexta-feira, 2.593 pessoas já morreram desde meados de abril neste conflito.

Neste contexto de tensão, o rublo caiu nesta sexta-feira ao seu nível histórico mais baixo frente ao dólar (37,02 rublos por dólar) devido à preocupação dos investidores sobre o possível reforço das sanções ocidentais contra Moscou.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaOtanPolíticosRússiaUcrâniaVladimir Putin

Mais de Mundo

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA