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Otan é acusada de matar criança afegão

Os soldados acreditavam que a criança de 4 anos carregava explosivos, afirmou uma fonte do Governo regional


	Soldado da Otan: a Otan, não esclareceu o ocorrido e afirmou que seu "compromisso" é o de "garantir que sejam tomadas todas as medidas possíveis para evitar vítimas civis"
 (Massoud Hossaini/AFP)

Soldado da Otan: a Otan, não esclareceu o ocorrido e afirmou que seu "compromisso" é o de "garantir que sejam tomadas todas as medidas possíveis para evitar vítimas civis" (Massoud Hossaini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 14h26.

Cabul - Soldados da missão da Otan no Afeganistão (Isaf) mataram a tiros uma criança de quatro anos na província meridional de Helmand porque acreditavam que ela carregava explosivos, afirmou nesta quinta-feira à Agência Efe uma fonte do Governo regional.

O fato ocorreu na tarde de ontem perto de uma base militar da Isaf no distrito de Nahri Sarraj, quando o menor saía de sua casa, afirmou o porta-voz do governador de Helmand, Omar Zwak.

"A criança ficou gravemente ferida e morreu mais tarde no hospital", explicou o porta-voz.

Segundo Zwak, os militares pensavam que o menor usava um colete carregado de explosivos, mas depois perceberam que ele não estava armado.

A Otan, em comunicado, não esclareceu o ocorrido e afirmou que seu "compromisso" é o de "garantir que sejam tomadas todas as medidas possíveis para evitar vítimas civis".

"Estendemos nosso mais sentido pêsame à família que sofreu a perda de um ente querido", acrescentou a Isaf, que assegurou que estão trabalhando com as forças de segurança afegãs para "determinar que aconteceu e por que".

Na mesma província foi detida nesta semana um menina de dez anos em quem seu irmão, que se uniu aos talibãs, tinha posto um colete carregado de explosivos para que atentasse contra um posto de controle da Polícia.

A menina, Spogmai, se entregou voluntariamente às forças da ordem do posto contra onde ia cometer o atentado e explicou que quando começou a "gritar e chorar", seu irmão retirou o colete e escapou.


"Como me dava medo a reação de meu pai - simpatizante dos talibãs-, fui à polícia ao invés de ir para casa", disse a menina então.

A jovem foi libertada ontem pelo presidente afegão, Hamid Karzai, para que retornasse para sua família.

No entanto, embora tenha encontrado hoje com seu pai, Abdul Ghaffar -de 75 anos-, a menor se negou a voltar para casa com ele, segundo recolhe a agência local "AIP".

Quando Ghaffar perguntou a sua filha por que não tinha informado sobre o incidente, ela respondeu que ele não seria capaz de deter "as torturas e crueldades" de seu irmão, e que também não teria evitado que ele colocasse o colete carregado de explosivos.

Spogmai permanecerá em um centro de amparo até que o Governo local tome uma decisão sobre o melhor modo de garantir sua segurança, de acordo com "AIP".

Os talibãs, no entanto, negaram que usem menores em atentados suicidas e tacharam o caso de "propaganda" do Governo, pois segundo suas normas, "os atacantes devem ser homens, adultos e dispostos a fazê-lo por vontade própria". 

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