Crise na Ucrânia: militares ucranianos treinam civis. 30/01/2022 (SERGEI SUPINSKY / Colaborador/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 30 de janeiro de 2022 às 13h36.
Última atualização em 30 de janeiro de 2022 às 13h38.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou hoje que a aliança não tem a intenção de enviar tropas de combate à Ucrânia, em caso da invasão da Rússia. Durante entrevista à emissora britânica BBC, ele qualificou a Ucrânia como "um aliado", mas o país não é parte da Otan.
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Segundo Stoltenberg, a Otan está concentrada em apoiar a Ucrânia em sua "autodefesa" e também os membros da organização já deixaram claro à Rússia que haverá sanções pesadas, caso Moscou invada o território ucraniano. O secretário-geral disse que a Otan busca uma "abordagem equilibrada", deixando claro que haverá sanções se for o caso, mas também almejando uma solução política no caso, para evitar uma ação militar.
A Rússia afirmou neste domingo que deseja ter relações baseadas no "respeito mútuo" com os Estados Unidos e negou qualquer ameaça à Ucrânia, apesar de ter concentrado tropas na fronteira, ao mesmo tempo que destacou que precisa de garantias concretas para sua segurança.
Embora as tensões estejam no ponto máximo há meses entre Moscou e os países ocidentais a respeito da Ucrânia, as autoridades russas enfatizaram neste domingo que têm a intenção de seguir a via diplomática.
"Queremos relações boas, equitativas, de respeito mútuo com os Estados Unidos, como com todos os países do mundo", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao Canal 1 da Rússia.
"Aprendemos com uma experiência amarga, não queremos permanecer em uma posição na qual nossa segurança seja violada diariamente", insistiu, a respeito da possibilidade de a Ucrânia aderir à Otan, algo que a Rússia considera uma ameaça existencial.
Lavrov afirmou que Moscou continuará buscando "garantias, que não são apenas compromissos políticos no papel, mas também garantias juridicamente vinculantes" que levem em consideração os "interesses legítimos" da Rússia.
Ele disse que o governo russo enviará em breve aos países da Otan e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) "um pedido oficial que os insta a especificar como planejam implementar seu compromisso de não reforçar sua segurança em detrimento da segurança dos outros".
Antes, Lavrov já havia afirmado que a Rússia não quer a guerra e prefere a "via diplomática".
Apesar das declarações, a Rússia advertiu que, caso suas demandas não sejam atendidas, ordenaria represálias, sem detalhar de que tipo.
A Rússia é acusada, desde o final de 2021, de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na fronteira ucraniana, com o objetivo de atacar o país vizinho. Moscou nega ter qualquer intenção bélica, mas exige garantias por escrito para salvaguardar sua segurança, como a de que a Aliança Atlântica não aceitará novos membros, especialmente a Ucrânia.
Uma demanda chave que o governo dos Estados Unidos rejeitou esta semana por escrito, embora tenha deixado a porta aberta para negociações. O Kremlin indicou que deseja tempo para analisar a situação.
Neste domingo, o diretor do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, repetiu que a Rússia "não quer uma guerra" com a Ucrânia e acusou os países ocidentais de exacerbar as tensões com "seus próprios objetivos egoístas".
Vários países ocidentais anunciaram nos últimos dias o envio de soldados para o leste da Europa, incluindo os Estados Unidos (que colocou 8.500 militares em alerta para reforçar a Otan) e a França, que deseja enviar centenas de soldados na Romênia.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve propor na próxima semana à Otan o envio de tropas para responder ao aumento da "hostilidade russa" contra a Ucrânia.
As autoridades de Kiev pediram aos ocidentais no sábado que permaneçam "firmes e vigilantes" nas negociações com Moscou, mas que não espalhem o pânico.
Os países europeus e os Estados Unidos prometeram sanções sem precedentes caso a Rússia ataque a Ucrânia.
O governo do Reino Unido, que nas últimas 48 horas fez diversas declarações para aumentar a pressão sobre a Rússia, anunciou neste domingo que cogita impor sanções que afetem "qualquer empresa de interesse para o Kremlin e o regime da Rússia".
Sobre a mesa também estaria o gasoduto estratégico Nord Stream 2, que liga a Rússia com a Alemanha, ou o acesso dos russos às transações em dólares.