Os 10 maiores riscos globais em 2025, segundo a Eurasia
Início do governo Trump deverá aumentar instabilidade e alimentar crises, prevê consultoria
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 11h58.
A consultoria Eurasia divulgou nesta segunda-feira, 6, quais são os principais riscos para 2025. A maior parte deles tem relação com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos.
Trump promete retirar os EUA de acordos internacionais, aumentar tarifas contra a China e outros países e expulsar imigrantes, o que deve contribuir para gerar vários desafios e crises pelo mundo.
Uma delas é o vácuo de poder global, em que nenhuma potência tem capacidade para ditar as regras ou evitar grandes conflitos. O governo Trump, que terá postura mais isolacionista, deverá contribuir para isso. Veja abaixo a lista completa:
1. Vitória do "G-zero"
No modelo "G-zero", nenhuma potência ou grupo delas é capaz de comandar a agenda global ou proteger a ordem internacional. Para a Eurasia, o mundo vive esta situação há cerca de dez anos, e a questão vai piorar em 2025.
"Espere novos vácuos de poder, atores trapaceiros com mais poder e um risco ampliado de acidentes, erros de cálculo e conflito. O risco de uma crise geopolítica agora é mais alto do que em qualquer ponto desde os anos 1930 ou na guerra fria", diz a Eurasia.
2. O governo de Trump
Donald Trump voltará à Casa Branca com mais experiência e organização do que em seu primeiro mandato. Ele terá muitos aliados leais que sabem como o governo funciona, terá maioria no Congresso e, na Suprema Corte, uma maioria de juízes conservadores de 6 a 3.
"A erosão de controles independentes no poder executivo deixará a política americana mais dependente das decisões de apenas um homem poderoso, em vez de se basear em princípios imparciais e legais", diz a Eurasia. "Mas a democracia em si não será ameaçada. Os EUA não são a Hungria."
3. Rompimento entre EUA e China
Trump promete impor novas tarifas comerciais sobre a China, que deverá reagir. Isso traz o risco de uma maior disrupção na relaçao entre as duas maiores economias globais, especialmente em tecnologia. "Batalhas sobre comércio e investimento em todas as áreas, de semicondutores a minerais críticos, vão surgir em 2025", diz a Eurasia.
4. Trumponomics
A política econômica de Trump deverá trazer mais inflação e menos crescimento para os EUA, prevê a Eurasia. O aumento das tarifas de importação encarecerá os produtos nos EUA, o que levará a alta de juros e queda no crescimento. Além disso, a ameaça de deportar milhões de imigrantes reduzirá a força de trabalho, e de consumo, nos EUA.
5. Rússia ainda como pária
Mesmo que haja um cessar-fogo na Ucrânia, a Eurasia prevê que a Rússia continuará tentando minar a ordem global liderada pelos EUA, com a possibilidade de ataques cibernéticos contra países da Europa e mais alianças militares com o Irã e a Coreia do Norte.
6. Irã nas cordas
O Irã está em um nível de enfraquecimento que não era visto há décadas, segundo a Eurasia. Israel reduziu muito o poder de Hamas e Hezbollah, dois grupos aliados a Teerã. Na Síria, o governo de Bashar Al-Assad, um aliado do Irã, foi deposto no fim de 2024. Assim, há risco de que algum engano ou acidente possa criar uma escalada de tensões, que pode afetar o preço do petróleo.
7. Mundo sem dinheiro
As disrupções geradas pelo conflito entre EUA e China devem dificultar a recuperação econômica pós-pandemia. Muitos países precisarão escolher entre aumentar impostos ou cortar gastos públicos, em um cenário em que investidores estão preocupados com a estabilidade e a falta de confiança dos governos.
8. IA desvinculada
A Inteligência Artificial avança, mas sem que os governos tenham criado salvaguardas ou regras adequadas. A deterioração na cooperação global colabora para isso. "As capacidades e riscos da tecnologia vão continuar a crescer sem controles", aponta a Eurasia.
9. Espaços sem governo
O avanço do cenário de g-zero deixou muitos lugares com pouca ou nenhuma presença de governos, como a Faixa de Gaza, partes do Líbano, Síria e Iêmen. Há também conflitos na Etiópia, Sudão, Mianmar e Haiti. "As consequências da negligência serão eventualmente sentidas muito além dos países diretamente afetados.
10. Impasse mexicano
A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, tem um governo forte e pouca oposição. Apesar disso, ela terá desafios enormes com o novo governo Trump, além de questões fiscais internas.