Mundo

Orlando Silva: "Querem me tirar do cargo no grito"

Após falar à Câmara, ministro dá mais um passo na tentativa de evitar demissão

Orlando Silva presta depoimento na Câmara federal (Valter Campanato/Agência Brasil)

Orlando Silva presta depoimento na Câmara federal (Valter Campanato/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 15h44.

Brasília - O ministro do Esporte, Orlando Silva, iniciou seu depoimento à Comissão de Fiscalização Financeira do Senado, nesta quarta-feira, criticando o que considera a ausência de provas nas acusações a que responde. Ele voltou a desqualificar seu denunciante, o Policial Militar João Dias, que relatou a VEJA o funcionamento de um grupo criminoso dentro da pasta.

O ministro tentou imprimir um tom de indignação a seu depoimento: "Se pretende tirar um ministro de estado no grito", afirmou. Ele disse que pretende, a partir da semana que vem, encerrar suas explicações sobre o caso e retomar sua agenda normal.

O ministro enfatizou o fato de ter pedido uma investigação sobre os convênios firmados por entidades de João Dias e o ministério. "Eu determinei, exigi, eu mandei que o desvio identificado fosse corrigido e o dinheiro público fosse recuperado". E minimizou o fato de ter adquirido, com um cheque administrativo, um terreno de 310 mil reais no interior de São Paulo, sobre um duto da Petrobras.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou as parceiras do ministério com entidades não-governamentais: "Porque substituir governos e prefeituras por ongs que se aparelham para receber recursos do ministério do esporte, muitas delas ligadas ao partido do ministro?", indagou. O ministro rebateu: "Perto de 90% dos convênios são com entes públicos. por isso nao há substituição", afirmou. Silva garantiu que, já em 2012, o Programa Segundo Tempo (que concentrou os desvios), deixará de fazer repasses a entidades privadas.


Orlando Silva chegou com mais de meia hora de atraso e começou a falar por volta de 14h50. Diferentemente do que ocorreu nesta terça-feira, quando a sessão foi acompanhada por dezenas de militantes do PCdoB, apenas jornalistas assistem ao depoimento.

Maratona - A ida de Silva ao Congresso é mais uma etapa da estratégia adotada pelo comunista para tentar se manter no cargo: não negar esclarecimentos à imprensa ou ao Parlamento, sempre que solicitado. Escaldado pelos escândalos anteriores, ele tenta reunir apoio suficiente para permanecer no cargo, num esforço que teve início depois de VEJA mostrar a existência de um grande esquema de corrupção na pasta, na edição que chegou às bancas neste sábado.

O ministro deve ser inquirido pela oposição a respeito dos convênios do ministério com Organizações Não-Governamentais (ONGs), de onde sairiam recursos para o caixa de campanha do PC do B. O ministro nega envolvimento nas irregularidades e rejeita a acusação de que teria recebido dinheiro dentro da garagem do ministério.

O desempenho de Orlando Silva deve influenciar a decisão da presidente Dilma Rousseff sobre a permanência do subordinado no cargo. Dilma está em viagem à África e deve bater o martelo sobre a situação dele nos próximos dias, já no Brasil. A avaliação da Presidência é que Orlando Silva se saiu bem na falta à Câmara, onde esteve nesta terça-feira.

Na Câmara, o ministro teve pouco trabalho: além da blindagem da maioria governista, ele foi beneficiado pela postura dos líderes de DEM e PSDB, que optaram por não fazer perguntas. ACM Neto (BA) e Duarte Nogueira (SP) preferiram pedir que Orlando Silva apoiasse a vinda do policial militar João Dias, o delator do esquema, ao Congresso. O ministro se recusou.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaMinistério do EsporteOrlando SilvaPolítica no BrasilPolíticos brasileiros

Mais de Mundo

Missão da SpaceX foi ao resgate de astronautas presos na ISS

Após morte de Nasrallah, Netanyahu afirma que “trabalho ainda não está concluído”

Bombardeio israelense atinge arredores do aeroporto de Beirute

Morte de Nasrallah é golpe contra Hezbollah, mas impactos são incertos