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Opositores de Kadafi tomam cidade ao oeste de Trípoli

Número de mortos depois de quase duas semanas de violência já chega a cerca de 2000

"Essa é a nossa revolução", gritava uma multidão de centenas de pessoas (Chris Hondros/Getty Images)

"Essa é a nossa revolução", gritava uma multidão de centenas de pessoas (Chris Hondros/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2011 às 13h06.

Zawiyah, Líbia - Rebeldes armados, contrários ao líder líbio Muammar Gaddafi, tomaram o controle de Zawiyah, cerca de 50 quilômetros ao oeste da capital, Trípoli, no domingo, e sua bandeira vermelha, verde e preta tremulou na cidade.

"Essa é a nossa revolução", gritava uma multidão de centenas de pessoas com os punhos erguidos, no centro da cidade. Algumas pessoas estavam em cima de um tanque capturado. Mulheres ficaram no alto dos edifícios torcendo pelos homens, que estavam na multidão.

"A Líbia é a terra dos livres e honrados", dizia uma faixa. Outra mostrava a cabeça de Gaddafi num corpo de cachorro.

Buracos de balas marcavam prédios queimados, onde os conflitos foram mais intensos, enquanto que veículos incendiados estavam abandonados pelas ruas.

O cenário em Zawiyah foi outra indicação que os dias de Gaddafi no poder estão chegando ao fim.

Correspondentes da Reuters encontraram moradores até mesmo em alguns bairros de Trípoli desafiando abertamente o governo depois que as forças de segurança se desintegraram.

O Conselho de Segurança da ONU, por unanimidade, impôs sanções às viagens e aos bens de Gaddafi e seus assessores próximos, aumentando a pressão para que ele saia do poder, antes que mais sangue seja derramado.

O número de mortos depois de quase duas semanas de violência na Líbia, de acordo com as estimativas de diplomatas, é de cerca de 2000.

O Conselho também aprovou o embargo de armas e exigiu que a repressão mortal aos manifestantes anti-Gaddafi seja encaminhada ao ICC --Tribunal Criminal Internacional, para que seja investigada e, possivelmente, alguém seja responsabilizado pela morte dos civis.

Pressão do governo anulada

Moradores de Tajoura, um bairro pobre de Trípoli, ergueram barricadas de pedras e troncos de palmeiras nas ruas lotadas de lixo, e cobriram de grafite muitos muros da cidade. Buracos de balas nas paredes das casas eram uma prova da violência no local.

"Gaddafi é o inimigo de Deus!", gritava uma multidão, no sábado, no funeral de um homem que teria sido morto pelas forças leais a Gaddafi no dia anterior.

Os moradores, que ainda não querem ser identificados, por medo de represálias, disseram que os soldados atiraram nos manifestantes que tentavam marchar de Tajoura até a Praça Verde, no centro, durante a noite, matando pelo menos cinco pessoas. Esse número não pôde ser confirmado oficialmente.

A TV estatal Líbia mostrou novamente uma multidão gritando a sua lealdade a Gaddafi, na Praça Verde, no sábado. Mas os jornalistas estimaram que eram menos de 200 pessoas.

Havia filas de pessoas do lado de fora da maioria dos bancos em Trípoli, enquanto elas esperavam para receber os 500 dinares líbios (400 dólares) que o governo prometeu que começaria a distribuir para cada família, no domingo, numa tentativa de aliviar seu descontentamento.

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