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Oposição venezuelana volta às ruas para exigir eleições

Agentes da Polícia Civil e Militarizada protegiam os prédios do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em diferentes cidades, mas sobretudo na capital

Protestos: "Fecham estações de metrô, bloqueiam acessos a Caracas (...) Que medo Maduro tem das eleições", falou Capriles (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 17h13.

Última atualização em 23 de janeiro de 2017 às 17h16.

A oposição venezuelana volta a ocupar as ruas, nesta segunda-feira (23), para exigir a antecipação das eleições como caminho para tirar o presidente Nicolás Maduro do poder e resolver a grave crise política e econômica do país.

Agentes da Polícia Civil e Militarizada protegiam os prédios do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em diferentes cidades, mas sobretudo na capital, que foram destino final de várias manifestações bloqueadas pelas tropas no ano passado.

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"Fecham estações de metrô, bloqueiam acessos a Caracas (...) Que medo Maduro tem das eleições", ironizou o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que se preparava para liderar uma das quatro marchas que sairão de diferentes pontos de Caracas rumo ao CNE.

Chavistas vestidos de vermelho - cor do partido da situação - se concentram no centro da capital em "defesa da revolução", de onde seguirão para o Panteão Nacional os restos mortais do dirigente Fabricio Ojeda, considerado um "mártir" pelo chavismo. Ojeda foi assassinado em 1966 pela "oligarquia".

As regiões centro e leste - onde os opositores estão reunidos antes da marcha - tiveram pelo menos seis estações de metrô fechadas.

Como já aconteceu com vários correspondentes estrangeiros que chegaram à Venezuela para cobrir manifestações da oposição, um jornalista espanhol da rede alemã Deutsche Welle (DW) foi deportado no fim de semana.

A tensão entre o governo e a Mesa da Unidade Democrática (MUD) voltou a subir nas últimas semanas.

Um grupo de opositores, entre eles um suplente de deputado, foi detido pelo recém-criado "comando antigolpe", liderado pelo vice-presidente Tareck El-Aissami, um chavista radical.

Eleições já!

As marchas contra e a favor de Maduro acontecem em uma data simbólica. É em 23 de janeiro que se comemora a queda da ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez.

Essa é a primeira marcha organizada pela MUD, desde que o CNE suspendeu em outubro passado o processo sobre o referendo revogatório contra Maduro e a oposição iniciou um diálogo com o governo.

Promovido pela Vaticano e pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o diálogo desativou os protestos provisoriamente.

"Vim porque quero eleições. É a melhor forma de sair um governo que nos faz tão mal", disse à AFP Dora Valero, uma enfermeira aposentada de 63 anos, que segurava um cartaz com a frase "Eleições já", na concentração no leste de Caracas.

Segundo pesquisas de institutos privados, oito em cada dez venezuelanos reprovam o governo, cansados da severa escassez de alimentos e de remédios e de uma inflação que bateu 475% no ano passado - segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) - e que deve pular para 1.660% em 2017.

Na contramão dessas previsões, o governo prometeu que este será um ano de "recuperação". Para isso, em parte, trocou o presidente do Banco Central no domingo.

"O governo teme que uma reação em cadeia das ruas, pela terrível situação econômica, possa criar uma tempestade perfeita que saia do controle", disse à AFP o analista Diego Moya-Ocampos, do IHS Markit Country Risk, de Londres.

Dividida entre o diálogo e a estratégia para tirar Maduro do poder, a oposição congelou as negociações, em 6 de dezembro passado. A alegação é que o governo descumpriu acordos já feitos, entre eles a definição do cronograma eleitoral.

Ambos os lados se acusam de descumprir a palavra empenhada ao papa Francisco. No fim de semana, nos esforços para descongelar o processo, delegados do Vaticano e da Unasul propuseram um mecanismo para verificar o cumprimento dos acordos.

A oposição respondeu que estudará a proposta, mas garante que não abrirá mão de eleições.

"Ter eleições é o que queremos, e depende de nós conseguir isso", afirmou o presidente do Parlamento, Julio Borges, pouco antes do início da passeata.

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