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Oposição síria quer firmar garantias humanitárias em Genebra

Os inimigos sírios ainda estão longe de uma conversa frente a frente, no entanto, aceitaram ser recebidos de maneira formal pelo emissário da ONU


	ONU: a oposição exige medidas como o fim dos bombardeios, levantamento do cerco às cidades sitiadas e libertação de prisioneiros
 (Denis Balibouse / Reuters)

ONU: a oposição exige medidas como o fim dos bombardeios, levantamento do cerco às cidades sitiadas e libertação de prisioneiros (Denis Balibouse / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 13h35.

A oposição síria move seus peões nesta segunda-feira, em Genebra, para tentar obter compromissos humanitários em favor dos civis, antes de entrar em uma negociação indireta com o regime na esperança de encontrar uma saída para cinco anos de uma guerra sangrenta.

Os inimigos sírios ainda estão longe de uma conversa frente a frente. No entanto, aceitaram ser recebidos de maneira formal pelo emissário da ONU, Staffan de Mistura, no Palácio das Nações Unidas em Genebra.

Se as negociações se concretizarem, não deverão resultar de maneira nenhum numa anistia para os autores de crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos na Síria, ressaltou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Ra'ad Zeid al Hussein.

"Temos uma posição de princípio nas Nações Unidas, que nenhuma anistia deve ser concedida para aqueles que são suspeitos de crimes contra a humanidade ou crimes de guerra", afirmou o comissário em Genebra.

"Esperamos que, durante as negociações (sobre a Síria), os mediadores insistam claramente neste ponto ante as partes em conflito", acrescentou.

Al Hussein desejou que depois de "cinco anos deste espetáculo macabro" de "execuções públicas" na Síria, as negociações conduzidas pelo mediador da ONU, Staffan de Mistura, "acabem com estes abusos horríveis dos direitos humanos, com as violações do direito internacional humanitário".

Antes de iniciar qualquer tipo de diálogo com o regime do presidente Bashar al-Assad, a oposição exige a implementação de medidas humanitárias: fim dos bombardeios, levantamento do cerco às muitas cidades sitiadas e libertação de prisioneiros.

Depois de muita hesitação, o Alto Comitê de Negociações (ACN), uma ampla coalizão de opositores políticos e representantes de grupos armados, aceitou participar nesta segunda-feira de uma reunião com De Mistura no Palácio das Nações.

"Recebemos garantias de nossos amigos na comunidade internacional e uma resposta positiva do emissário especial da ONU", explicou um porta-voz, Salem al-Meslet.

A delegação do ACN se reuniu no domingo com os principais diplomatas ocidentais envolvidos no processo e recebeu Staffan de Mistura.

Este último "fez uma proposta", de acordo com uma fonte diplomática. Segundo a fonte, o ACN desconfia do regime, mas também da ONU, e quer "medidas visíveis e tangíveis (...) O mais fácil seria a libertação dos civis", incluindo cerca de 3.000 mulheres e crianças.

Diplomacia paralela

As negociações, iniciadas na sexta-feira entre a ONU e o governo de Bashar al-Assad, não decolaram realmente e o processo permanece sob a ameaça do fracasso.

A ONU, que encontrou na sexta-feira a delegação do regime, adiou um novo encontro previsto para esta manhã, a fim de possibilitar que "De Mistura se encontrasse com o ACN".

A reunião ONU-regime foi reprogramada para terça-feira às 10H00 GMT (8h00 de Brasília), segundo uma fonte do governo sírio.

Para ajudar nas negociações, muitos diplomatas foram a Genebra para encontros paralelos.

A secretária de Estado adjunta americana para o Oriente Médio, Anne Patterson, e o emissário dos Estados Unidos para a Síria, Michael Ratney, vão encontrar nesta segunda o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Guennadi Gatilov.

A comunidade internacional tenta encontrar uma solução negociada para a guerra na Síria, que desde março de 2011 provocou mais de 260.000 mortes e obrigou milhões de pessoas a fugir do país.

Texto atualizado às 14h35.

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