Sergei Lavrov: o chanceler russo insistiu que os próprios sírios devem decidir o destino de seu país, a partir de um acordo para um processo de transição (Alexander Nemenov/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2012 às 11h18.
Moscou - O Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal facção opositora ao regime de Bashar al Assad, pediu nesta quarta-feira que a Rússia autorize uma intervenção da ONU e defendeu que sem a renúncia do presidente não se pode falar em solução para o país árabe.
"A melhor solução seria uma intervenção autorizada pelo Conselho de Segurança com a participação da Rússia", disse à imprensa o líder do CNS, Abdulbasit Seida, ao término de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
Seida insistiu que as consultas políticas e as negociações "dão tempo adicional a Assad esmagar pela força a revolução" e frisou que Moscou mantém uma postura contrária a uma intervenção na Síria junto à comunidade internacional.
Na reunião de hoje, realizada na sede da chancelaria russa, Lavrov pediu que o CNS dialogue com as autoridades sírias para acertar os "prazos e parâmetros de um processo de transição".
"Em várias ocasiões manifestamos a necessidade do fim imediato da violência e do início de um diálogo com a participação do governo e todos os grupos opositores", disse o ministro russo.
Lavrov insistiu que "os próprios sírios devem decidir o destino de seu país, a partir de um acordo de prazos e parâmetros para um processo de transição".
Após lembrar que a Rússia já tinha mantido contatos de trabalho com o CNS, o chanceler russo considerou positiva a reunião de hoje e disse que ela ocorreu num "período de grande responsabilidade para a Síria".
No encontro, Lavrov perguntou sobre a visão do CNS sobre o movimento opositor sírio e as relações do Conselho com outros grupos rebeldes dentro e fora da Síria.
"Necessitamos entender quais são as perspectivas de unidade de todos os grupos opositores em torno da plataforma de diálogo com o governo, como contempla o plano de Kofi Annan, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU", disse.
Seida, por sua parte, disse a Lavrov que "o que ocorre na Síria é uma revolução, e não diferenças entre o povo e o governo".
"O povo procura modelar sua vontade de acabar com o regime e tomar a caminho do desenvolvimento democrático", disse o líder do CNS.
As consultas entre as autoridades russas e o principal grupo opositor sírio coincidiram com o envio de uma pequena frota de navios de guerra russos para Mar Mediterrâneo, com destino ao porto sírio de Tartus, onde Moscou mantém uma base naval de apoio.
Ontem, quatro navios da frota russa do Mar do Norte (o destróier "Admiral Chabanenko" e três unidades de desembarque) zarparam da base de Severomorsk, no Mar de Barents, em direção ao Mediterrâneo.
Fontes navais russas indicaram que a essa pequena frota se juntará a embarcação "Yaroslavl Mudri", da frota russa do Mar Báltico, e outras unidades de apoio.
Hoje mesmo, fontes militares russas citadas pela agência "Interfax" comunicaram que o navio de desembarque "César Kunikov", da frota do Mar Negro, com uma unidade de fuzileiros, zarpou rumo ao Mediterrâneo e atracará no porto sírio de Tartus.
Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, a missão da pequena frota russa no Mediterrâneo é a realização de "manobras conjuntas" entre as embarcações das três unidades.