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Oposição diz que permanência de Maduro no poder pode causar nova onda migratória

Maria Corina Machado enviou mensagem ao México, por meio da imprensa, alertando para a saída de milhões de venezuelanos

Venezuelan opposition leader Maria Corina Machado waves a national flag during a demonstration to protest over the presidential election results, in Caracas on August 3, 2024. Venezuela braced for fresh protests after President Nicolas Maduro's disputed election victory was ratified on the eve -- and a growing number of nations recognized his opposition rival as the true winner. (Photo by Federico PARRA / AFP) (Federico Parra/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 9 de agosto de 2024 às 08h03.

Última atualização em 9 de agosto de 2024 às 08h34.

A líder opositora María Corina Machado fez um alerta para uma "onda migratória" inédita de venezuelanos se o presidente, Nicolás Maduro, insistir em se manter no poder após a sua controversa reeleição, enquanto os Estados Unidos anunciaram um aumento da pressão internacional caso líderes da oposição sejam presos.

María Corina, que denuncia uma fraude e reivindica a vitória do seu candidato, Edmundo González Urrutia, nas eleições de 28 de julho, enviou, por meio da imprensa, uma mensagem ao México na quinta-feira, 8, sobre a possibilidade de uma "onda migratória" inédita se Maduro permanecer no poder "à força".

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"Digo uma coisa [ao México], se Maduro decidir se manter pela força, na marra [no poder], poderemos ver uma onda de migração como nunca vimos: 3, 4, 5 milhões de venezuelanos em muito pouco tempo", disse María Corina, em videoconferência com a imprensa mexicana.

Migração venezuelana

Segundo números ONU, 7,7 milhões de venezuelanos emigraram nos últimos anos devido à crise, somando-se às centenas de milhares de migrantes de outras nações, principalmente centro-americanos, que atravessam o México rumo aos Estados Unidos.

O anúncio da vitória de Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, desencadeou protestos que resultaram em pelo menos 24 mortos, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 2.200 detidos, de acordo com o próprio Maduro.

Com os Estados Unidos à frente, vários governos pediram ao CNE a publicação das atas com os detalhes dos resultados eleitorais, enquanto se somam às denúncias da oposição venezuelana sobre uma escalada repressiva contra os adversários de Maduro.

Mais pressão

Washington, que lidera o endurecimento das sanções contra a Venezuela desde 2019, elevou o tom nesta quinta-feira, advertindo que a prisão dos líderes poderia "mobilizar ainda mais a comunidade internacional", incluindo os países que têm melhor relação com a Venezuela.

"Se Maduro decidir fazer isso, ele ativará a comunidade internacional de formas que não poderia imaginar, e acho que seus esforços para dividir e fracionar a comunidade internacional terão fracassado rotundamente", disse o embaixador dos Estados Unidos junto à OEA, Francisco Moraante.

Enquanto isso, o governo de Maduro denunciou uma invasão no sistema de transmissão de dados do CNE e acusou Washington de estimular um golpe de Estado.

Estados Unidos, União Europeia e países da América Latina como Argentina e Peru consideram que González Urrutia venceu a eleição, e inclusive muitos governos aliados de Maduro, como o Brasil, pediram que ele entregasse as atas de votação.

"E o que têm essas tão alardeadas atas que causaram uma espécie de histeria internacional vinda de Washington e de alguns governos satélites?", ironizou nesta quinta-feira a vice-presidente Delcy Rodríguez durante um encontro com membros do corpo diplomático em Caracas.

"Há uma histeria internacional sobre as atas, poderiam até fazer uma série na Netflix, 'As atas na Venezuela, histeria coletiva', me desculpe, embaixador da França, mas ofuscaram até as Olimpíadas, as atas ofuscaram as Olimpíadas na França, porque há uma histeria com as atas", concluiu Delcy.

Em meio às denúncias de fraude eleitoral, Maduro pediu as prisões de González Urrutia e de María Corina, além de ter pedido à Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao chavismo, para que certificasse sua vitória.

González Urrutia, um diplomata discreto lançado como candidato devido à inelegibilidade de María Corina por uma decisão do TSJ, alinhado ao chavismo, desobedeceu a duas convocações da corte máxima, que previamente indicou que não comparecer "teria consequências" legais.

Tanto González Urrutia quanto María Corina limitaram suas aparições públicas, e María Corina, inclusive, afirmou temer pela própria vida.

A oposição afirma ter 80% das atas digitalizadas em um site que comprova a vitória de González Urrutia, mas o governo de Maduro diz se tratar de um material repleto de inconsistências.

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