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Oposição da Venezuela cria portal com atas eleitorais para comprovar vitória de Gonzáles

Apuração paralela, que opositores dizem ser feita a partir de 73% das atas oficiais, indica que candidato teria mais que o dobro de votos em comparação ao atual presidente

Agência o Globo
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Publicado em 30 de julho de 2024 às 11h50.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 12h39.

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Ainda mobilizada em meio às contestações sobre o resultado das eleições presidenciais na Venezuela, a oposição liderada por María Corina Machado e Edmundo González continua pressionando por uma nova contagem de votos e divulgação das atas de votação de todas as seções eleitorais do país.

María Corina e González anunciaram no fim da noite de ontem um site reunindo as informações de todas as atas que tiveram acesso — pouco mais de 73% — que dizem apresentar uma vitória incontestável do candidato opositor.

"Temos 73,20% das atas. Se este resultado se mantiver, nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia. Com as atas que nos faltam, ainda que o CNE pusesse 100% dos votos restantes para Maduro, não o alcançaria", disse María Corina, em uma entrevista coletiva em Caracas, em fala registrada pelo jornal venezuelano Efecto Cocuyo.

Ainda de acordo com a publicação venezuelana, María Corina apresentou as informações sobre as atas recebidas até o momento. Os dados em posse da oposição indicam que Edmundo González teria recebido 6.275.130 votos, enquanto o atual presidente, Nicolás Maduro, declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral na segunda-feira, teria recebido 2.759.256 votos.

A contagem da oposição é muito distinta da apresentada pelo CNE, que na madrugada de segunda-feira, com 80% das urnas apuradas, indicou que havia uma "tendência irreversível" a favor de Maduro, declarando o presidente vencedor com 51,2% dos votos válidos (cerca de 5,1 milhão de votos nominais), ante 4,4 milhões dos votos para González (44,2%). O órgão eleitoral se comprometeu a publicar as informações detalhadas — o que ainda não aconteceu —, mas proclamou Maduro vencedor
antes de qualquer pedido de recontagem ou auditoria.

Em meio à disputa de narrativas, a oposição lançou um site disponibilizando os dados das atas eleitorais as que teve acesso. Os documentos foram colocados nas últimas horas da segunda-feira, e apresentados em um comunicado conjunto de María Corina e González.

"Venezuelanos, através deste link vocês podem ver como com seu voto e sua vontade mudaram a história da Venezuela. Aqui você encontrará as atas que processamos e totalizamos até agora e que confirmam nossa extraordinária vitória", afirmaram em publicações sincronizadas nas redes sociais.

Para acessar os dados, o site pede que o usuário indique uma cédula eleitoral. Porém, muitos eleitores relataram dificuldades em acessar o sistema, que apresentou inconsistências nas primeiras horas no ar. Em uma publicação nas redes sociais, María Corina afirmou que as questões estavam sendo solucionadas.

"São milhões de cidadãos na Venezuela e no mundo que querem ver que seu voto conta... As equipes técnicas prontamente restabelecerão o acesso", escreveu.

O sistema de votação na Venezuela conta com um duplo registro de voto, por via digital e impressa, que são simultaneamente computados em cada seção eleitoral. Ao fechamento de cada seção, o procedimento regular é que se gere uma ata a partir do resultado obtido em cada contagem, sendo ainda possível auditar manualmente cada cédula em caso de dúvida.

Oficialmente, a oposição afirma que tinha apoiadores atuando como testemunhas do processo em grande parte das seções eleitorais do país, mas que apenas 40% das atas foram disponibilizadas logo após o fim da votação.

A oposição convocou protestos populares ao fim da jornada eleitoral, enquanto o oficialismo, por meio do Ministério Público, prometeu processar criminalmente qualquer tentativa de por em dúvida o resultado da votação — apesar dos apelos da comunidade internacional por mais transparência.

Um novo protesto foi convocado pela oposição para esta terça-feira, com as presenças de González e María Corina em Caracas. Os primeiros protestos, realizados na segunda-feira, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, com ao menos duas mortes confirmadas e dezenas de detidos.

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