ONU procura novo secretário-geral, seja homem ou mulher
A Assembleia Geral da ONU definiu como será a sucessão de Ban Ki-moon, pondo fim à seleção do secretário-geral feita nos bastidores
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 23h52.
Nova York - A Assembleia Geral da ONU definiu nesta sexta-feira como será a sucessão de Ban Ki-moon, pondo fim à seleção do secretário-geral feita nos bastidores e estimulando candidaturas femininas.
Ban Ki-moon deixa a organização no final de 2016, após dois mandatos de cinco anos.
Como qualquer outro diretor de uma grande empresa, os candidatos à vaga terão de enviar seu currículo, passar por uma entrevista de contratação e apresentar seu projeto aos 193 Estados-membros da organização, de acordo com a resolução adotada hoje por consenso.
O processo agora será muito diferente daquele que levou o sul-coreano à frente da ONU. Segundo a resolução, o Conselho de Segurança e a Assembleia enviarão uma carta aos 193 países-membros, pedindo a apresentação de candidaturas.
Os nomes dos candidatos, homens ou mulheres, serão divulgados, assim como seus currículos, e deverão passar por uma prova oral diante da Assembleia. "É como se a ONU fosse uma multinacional em busca de um diretor-geral", explicou um diplomata do Conselho.
"Iniciamos a corrida para encontrar a pessoa correta para ocupar um dos postos mais importantes do mundo", comentou o embaixador britânico na Casa, Matthew Rycroft.
Desde a criação da ONU em 1945, a seleção do secretário-geral é feita pelos 15 países-membros do Conselho, que elege apenas um candidato, depois ratificado pela Assembleia.
No Conselho, são os cinco membros permanentes e com direito a veto - China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia - que têm mais peso na seleção. Para aumentar as chances, afirmam diplomatas, é preciso ser apoiado pelos Estados Unidos, ser "russo-compatível" - o que exclui, por exemplo, qualquer candidato de países bálticos - e falar "um pouco" francês.
Mulheres convidadas
Em seus 79 anos, oito homens se sucederam no cargo. Nada impede a candidatura de uma mulher, apesar de uma resolução de 1946 fazer referência "a um homem de grande valor", já que na época era impensável eleger um nome feminino.
Agora, pela primeira vez, a ONU diz claramente: segundo a resolução, a Assembleia "convida os países-membros a contemplar a apresentação de candidatas para esse posto".
Mas nada de discriminação positiva: deve-se "designar o melhor candidato possível".
Este candidato, ou candidata, deverá ter "demonstrado liderança e qualidades de administrador, ter uma larga experiência nas relações internacionais, um grande senso da diplomacia e da comunicação, e múltiplos talentos linguísticos".
São muitas as vozes que defendem que já é hora de uma mulher liderar a organização. Uma petição lançada pela Colômbia já reuniu o apoio de cerca de 40 países. No Conselho, o Reino Unido também se pronunciou abertamente em favor de uma candidatura feminina, com as qualidades exigidas.
Nesse sentido, já circulam alguns nomes: a ex-primeira-ministra neozelandesa Helen Clark; a presidente chilena, Michelle Bachelet; a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova; ou a comissária europeia Kristalina Georgieva. Estas duas últimas são búlgaras.
Por enquanto, nenhuma delas está oficialmente na disputa, nem tem unanimidade.
A tradição - que não é obrigatória - levaria o posto de volta a um representante do Leste Europeu, depois de estar nas mãos da Ásia (o sul-coreano Ban Ki-moon) e da África (o ganense Kofi Annan). Moscou insiste em que esse critério deve prevalecer sobre o de promover uma mulher.
"Seria magnífico ter uma mulher, mas não devemos limitar nossas opções", destacou o embaixador russo, Vitali Churkin. O Leste Europeu "está convencido de que chegou a sua vez" de dirigir a burocracia da ONU.
Para William Pace, representante de uma coalizão de ONGs que militam a favor de uma maior transparência na escolha do secretário-geral, desta vez, a seleção "será muito diferente de como foi desde 1945".
Segundo ele, "a decisão da Assembleia-Geral complicará a capacidade (dos cinco grandes do Conselho) de eleger em segredo um candidato, o qual possam controlar".
Nova York - A Assembleia Geral da ONU definiu nesta sexta-feira como será a sucessão de Ban Ki-moon, pondo fim à seleção do secretário-geral feita nos bastidores e estimulando candidaturas femininas.
Ban Ki-moon deixa a organização no final de 2016, após dois mandatos de cinco anos.
Como qualquer outro diretor de uma grande empresa, os candidatos à vaga terão de enviar seu currículo, passar por uma entrevista de contratação e apresentar seu projeto aos 193 Estados-membros da organização, de acordo com a resolução adotada hoje por consenso.
O processo agora será muito diferente daquele que levou o sul-coreano à frente da ONU. Segundo a resolução, o Conselho de Segurança e a Assembleia enviarão uma carta aos 193 países-membros, pedindo a apresentação de candidaturas.
Os nomes dos candidatos, homens ou mulheres, serão divulgados, assim como seus currículos, e deverão passar por uma prova oral diante da Assembleia. "É como se a ONU fosse uma multinacional em busca de um diretor-geral", explicou um diplomata do Conselho.
"Iniciamos a corrida para encontrar a pessoa correta para ocupar um dos postos mais importantes do mundo", comentou o embaixador britânico na Casa, Matthew Rycroft.
Desde a criação da ONU em 1945, a seleção do secretário-geral é feita pelos 15 países-membros do Conselho, que elege apenas um candidato, depois ratificado pela Assembleia.
No Conselho, são os cinco membros permanentes e com direito a veto - China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia - que têm mais peso na seleção. Para aumentar as chances, afirmam diplomatas, é preciso ser apoiado pelos Estados Unidos, ser "russo-compatível" - o que exclui, por exemplo, qualquer candidato de países bálticos - e falar "um pouco" francês.
Mulheres convidadas
Em seus 79 anos, oito homens se sucederam no cargo. Nada impede a candidatura de uma mulher, apesar de uma resolução de 1946 fazer referência "a um homem de grande valor", já que na época era impensável eleger um nome feminino.
Agora, pela primeira vez, a ONU diz claramente: segundo a resolução, a Assembleia "convida os países-membros a contemplar a apresentação de candidatas para esse posto".
Mas nada de discriminação positiva: deve-se "designar o melhor candidato possível".
Este candidato, ou candidata, deverá ter "demonstrado liderança e qualidades de administrador, ter uma larga experiência nas relações internacionais, um grande senso da diplomacia e da comunicação, e múltiplos talentos linguísticos".
São muitas as vozes que defendem que já é hora de uma mulher liderar a organização. Uma petição lançada pela Colômbia já reuniu o apoio de cerca de 40 países. No Conselho, o Reino Unido também se pronunciou abertamente em favor de uma candidatura feminina, com as qualidades exigidas.
Nesse sentido, já circulam alguns nomes: a ex-primeira-ministra neozelandesa Helen Clark; a presidente chilena, Michelle Bachelet; a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova; ou a comissária europeia Kristalina Georgieva. Estas duas últimas são búlgaras.
Por enquanto, nenhuma delas está oficialmente na disputa, nem tem unanimidade.
A tradição - que não é obrigatória - levaria o posto de volta a um representante do Leste Europeu, depois de estar nas mãos da Ásia (o sul-coreano Ban Ki-moon) e da África (o ganense Kofi Annan). Moscou insiste em que esse critério deve prevalecer sobre o de promover uma mulher.
"Seria magnífico ter uma mulher, mas não devemos limitar nossas opções", destacou o embaixador russo, Vitali Churkin. O Leste Europeu "está convencido de que chegou a sua vez" de dirigir a burocracia da ONU.
Para William Pace, representante de uma coalizão de ONGs que militam a favor de uma maior transparência na escolha do secretário-geral, desta vez, a seleção "será muito diferente de como foi desde 1945".
Segundo ele, "a decisão da Assembleia-Geral complicará a capacidade (dos cinco grandes do Conselho) de eleger em segredo um candidato, o qual possam controlar".