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ONU prevê que 235 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária em 2021

Em 2021, uma em cada 33 pessoas no planeta vai precisar de ajuda, indica o relatório da ONU

ONU: A ONU adverte que a pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 1,45 milhão de pessoas no mundo, afetou de modo desproporcional aqueles que "já vivem no fio da navalha" (AFP/AFP Photo)

ONU: A ONU adverte que a pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 1,45 milhão de pessoas no mundo, afetou de modo desproporcional aqueles que "já vivem no fio da navalha" (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 12h10.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 17h27.

A ONU anunciou nesta terça-feira (1) que serão necessários 35 bilhões de dólares para ajudas em 2021, em meio a uma pandemia que deixou milhões de pessoas na pobreza e sob a ameaça da fome.

O relatório anual Panorama Humanitario Mundial da organização afirma que 235 milhões de pessoas em todo o mundo precisarão de algum tipo de assistência de emergência no próximo ano, o que representa um aumento de 40% em relação a 2020.

"O aumento se deve quase totalmente à covid-19", afirmou o coordenador da ajuda de emergência da ONU, Mark Lowcock.

Em 2021, uma em cada 33 pessoas no planeta vai precisar de ajuda, indica o documento.

O apelo anual das agências das Nações Unidas e de outras organizações humanitárias apresenta, de modo geral, um cenário sombro das necessidades provocadas pelos conflitos, os deslocamentos, os desastres naturais e a mudança climática.

A ONU adverte que a pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 1,45 milhão de pessoas no mundo, afetou de modo desproporcional aqueles que "já vivem no fio da navalha".

"O panorama que apresentamos é a perspectiva mais desoladora e sombria sobre a necessidade humanitária no período futuro que já anunciamos", disse Lowcock.

A quantia mencionada seria suficiente para ajudar 160 milhões das pessoas mais vulneráveis em 57 países, segundo a ONU.

"Alarmes estão tocando"

Pela primeira vez desde os anos 1990, a pobreza extrema aumentará, a expectativa de vida vai diminuir e o número de mortes em um ano por HIV, tuberculose e malária pode dobrar.

"Possivelmente o mais alarmante... é a ameaça do retorno da fome, possivelmente em vários lugares", afirmou Lowcock.

No decorrer do século XXI, apenas uma crise de fome foi registrada até o momento, a da Somália há quase uma década, e um cenário de fome em larga escala parecia algo "destinado à lixeira da história", completou.

"Mas agora, as luzes vermelhas estão piscando e os alarmes estão tocando", advertiu.

Até o fim de 2020, o número de pessoas com insegurança alimentar aguda no mundo pode alcançar 270 milhões, uma alta de 82% na comparação com o dado anterior à covid-19.

A situação no Iêmen, Burkina Faso, Sudão do Sul e nordeste da Nigéria indica que estes países já estão à beira da fome, enquanto uma lista de outros países e regiões, incluindo Afeganistão e a Sahel, também são "potencialmente muito vulneráveis".

"Se passarmos por 2021 sem grandes fomes, isto será uma conquista significativa", afirmou o coordenador da ONU.

O relatório mostra que Síria e Iêmen, devastados pela guerra, lideram a lista dos países que mais precisam de ajuda humanitária.

A ONU busca quase seis bilhões de dólares para ajudar milhões de sírios dentro e fora do país, devastado por uma década de conflito.

Também solicita US$ 3,5 bilhões para 20 milhões de iemenitas presos na pior crise humanitária do planeta.

"Necessidade"

Arrecadar os 35 bilhões de dólares necessários em meio a uma crie econômica global pode ser uma tarefa árdua: o valor representa mais que o dobro dos US$ 17 bilhões obtidos em 2020.

Esta quantia já representa um recorde, mas ainda está muito abaixo dos quase 29 bilhões de dólares solicitados no ano passado, antes da explosão da pandemia.

"A crise está longe de ter acabado. Os orçamentos de ajuda humanitária enfrentam carências terríveis à medida que o impacto da pandemia mundial continua a piorar", afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em um comunicado."Juntos, nós devemos mobilizar recursos e permanecer solidários com as pessoas em seu momento mais sombrio de necessidade, completou.

Lowcock insistiu que, embora a quantia solicitada pareça elevada, na realidade o valor é pequeno quando comparado com os valores que os países ricos estão injetando para resgatar suas economias.

"O que está em jogo é a vida de um grande número de pessoas vulneráveis, e o custo de salvaguardar suas vidas é, na realidade, muito pequeno em relação a todos os outros desafios que enfrentamos", concluiu.

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