ONU e ONGs comemoram declaração do G20, mas pedem fim dos combustíveis fósseis
Essa foi a opinião do líder da ONU para Mudanças Climáticas na COP29, Simon Stiell, em Baku
Agência de Notícias
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 11h54.
O secretário executivo de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell, exaltou nesta terça-feira, 19, a declaração emitida pelos países do G20, que no Rio de Janeiro pediram à COP29 um “resultado positivo” sobre o financiamento climático na cúpula.
"Precisamos urgentemente que todas as nações deixem o orgulho de lado", comentou Stiell.
Essa foi a opinião do líder da ONU para Mudanças Climáticas na COP29 em Baku, que no sábado pediu ao G20 que enviasse um sinal claro para que os países agissem mais rapidamente nas negociações climáticas que estão sendo realizadas na capital do Azerbaijão.
A declaração do G20, que responde por 85% do produto interno bruto (PIB) mundial e por cerca de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa, também pediu a taxação dos mais ricos e a reforma do sistema financeiro internacional, conforme solicitado pelos países em desenvolvimento representados na COP29, com o apoio de muitos grupos da sociedade civil.
Brasil assina acordo com Chile para ampliar combate à desinformação e fake newsStiell saudou esse apoio como “um sinal essencial, em um mundo assolado por crises de dívidas em espiral e impactos climáticos que destroem vidas, colapsam cadeias de suprimentos e alimentam a inflação em todas as economias”.
“Os líderes reforçaram que a cooperação global é absolutamente essencial, e a COP29 deve mostrar como isso é feito, com uma nova e ambiciosa meta de financiamento como um pilar central de um pacote equilibrado”, acrescentou.
Organizações ecologistas reagiram bem à declaração de Baku, que, segundo elas, envia "sinais corretos" em matéria de financiamento, principalmente no que se refere à reforma da arquitetura global, mas lamentaram que os países ricos não reiteraram o compromisso firmado na COP28 de Dubai de acelerar a transição para abandonar os combustíveis fósseis.
"Nenhuma quantidade de financiamento pode nos salvar de um mundo que se aquece entre 3 e 4 graus Celsius, que é o que nos espera se as principais potências mundiais continuarem se esquivando da necessidade de eliminar progressivamente o carvão, petróleo e o gás", declarou a diretora do International Climate Politics Hub, Catherine Abreu.
“O desempenho do Brasil no G20 tornou mais difícil e mais importante do que nunca seu trabalho para conseguir a Missão 1.5 na COP30 do ano que vem”, disse.
Enquanto isso, Linda Kalcher, diretora executiva do think-tank Strategic Perspectives, comentou de Baku que, apesar dos “tempos geopolíticos tensos”, o G20 alcançou um “resultado unido” que “não retrocedeu nos compromissos existentes”, algo que “representou um grande desafio”, após as eleições nos EUA, e “especialmente com a Rússia e outros países determinados a bloquear o progresso”.
“Os líderes rejeitaram veementemente o negacionismo climático, comprometeram-se com o Acordo de Paris e com o trabalho conjunto para alcançar um resultado bem-sucedido em Baku”, analisou.
“Agora, o verdadeiro teste decisivo para um multilateralismo eficaz em relação ao clima é superar as divisões para chegar a um acordo sobre uma nova meta significativa de financiamento climático”, argumentou, insistindo para que o G7 "coloque suas cartas na mesa e fale sobre números".
Em uma reunião com jornalistas, Kalcher também disse que, “para muitos países, afastar-se dos combustíveis fósseis faz sentido do ponto de vista econômico e é bom para a segurança energética”.
“Eles querem ser independentes dos preços voláteis do gás, querem ter energia acessível para seus cidadãos e suas empresas; é aí que a transição já está acontecendo no terreno, então não tenho dúvidas de que acontecerá aqui também”, argumentou.