A diversidade de grupos opositores armados e a atual espiral de violência complicam o cumprimento deste novo cessar-fogo, uma iniciativa que já foi tentada em abril (Louai Beshara/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2012 às 19h35.
Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou nesta quinta-feira o anúncio da trégua temporária na Síria e disse que os trabalhadores humanitários estão preparados para levar ajuda à população civil aproveitando a cessação da violência.
"O mundo está com os olhos abertos ansioso para ver se amanhã se calam as armas na Síria", afirmou à imprensa o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, depois que o regime de Bashar al Assad e os rebeldes do Exército Livre Sírio aceitassem um cessar-fogo temporário.
O principal responsável da ONU seguiu os passos do Conselho de Segurança e da Liga Árabe e pediu aos atores da comunidade internacional que podem influenciar na região que se mobilizem para facilitar que essa suspensão da violência seja efetiva.
O porta-voz de Ban acrescentou que se amanhã for respeitado o cessar-fogo e pararem as hostilidades, os trabalhadores humanitários da ONU estão preparados para levar assistência à população civil.
Nesirky acrescentou que a ONU entende que há "falta de confiança" entre as partes, mas esperam que amanhã "as armas se calem" para celebrar a Festa do Sacrifício "em paz" e que depois haja uma trégua mais ampla que desemboque em um processo político.
O Exército sírio anunciou hoje que cessará suas operações militares entre amanhã e a próxima segunda-feira por ocasião da festividade muçulmana do Eid al-Adha (Festa do Sacrifício), tal como tinha proposto o mediador internacional, Lakhdar Brahimi.
Por sua parte, o "número dois" do rebelde Exército Livre Sírio (ELS), Malek Kurdi, disse à Agência Efe que se comprometem a cumprir a "frágil" trégua temporária, mas alertou que se mobilizará para proteger as manifestações pacíficas contra o regime.
A diversidade de grupos opositores armados e a atual espiral de violência complicam o cumprimento deste novo cessar-fogo, uma iniciativa que já foi tentada em abril sob a mediação do antecessor de Brahimi, Kofi Annan, e que fracassou.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Jan Eliasson, disse hoje em Genebra que tem uma "microscópica esperança" que as partes envolvidas no conflito sírio respeitem o cessar-fogo.
Por sua parte, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) se mostrou pronto para aproveitar uma eventual trégua para fazer chegar pacotes de ajuda de emergência a milhares de pessoas isoladas há meses pelos combates no país.
A crise na Síria causou desde março de 2011 mais de 25 mil mortes, enquanto 2,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e mais de 250 mil tiveram que refugiar-se nos países vizinhos, segundo números das Nações Unidas.