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ONU: 2016 foi um ano desastroso para os direitos humanos

Comissário da ONU lembrou que as turbulências recentes no mundo ano estão interligadas e alertou para “normalização” da retórica fascista

 (United Nation Relief and Works Agency/Getty Images)

(United Nation Relief and Works Agency/Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 07h00.

Última atualização em 10 de dezembro de 2016 às 07h00.

São Paulo – O ano de 2016 está sendo considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “desastroso” para os direitos humanos. A avaliação foi feita no final desta semana por Zeid Ra’ad Al Hussein, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em razão do Dia Internacional dos Direitos Humanos celebrado neste sábado, 10 de dezembro.

“A pressão sem precedentes sobre os padrões internacionais de direitos humanos está colocando em risco todo o conjunto de proteções estabelecido após a Segunda Guerra Mundial”, considerou. Alertou, ainda, para o que chamou de “normalização” da retórica fascista que “está se tornando uma parte normal do discurso cotidiano. ”

Tais constatações referem-se ao contexto global de instabilidades políticas, conflitos armados, mudanças climáticas e a ascensão extremista. Da África à Ásia, passando pelo Oriente Médio, as Américas, a Europa e até mesmo a Oceania, são frequentes as notícias de distúrbios e violações de direitos humanos. Turbulências essas que estão interligadas.

A guerra na Síria, por exemplo, é vista pelo comissário e a entidade como o maior fracasso da comunidade internacional em 2016, embora fosse “totalmente evitável”. Os conflitos se iniciaram nos idos de 2011, quando o presidente Bashar Al Assad esmagou com violência protestos contra o seu governo. Mas a culpa não é só de Assad.

“Invés de trabalharem juntos para cessar as brigas e restaurar a ordem, Estados alimentaram o conflito, apoiaram assassinos, deram armas e encorajaram extremistas”, lamentou o comissário.

O resultado? O fortalecimento nos últimos anos do grupo extremista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, cujas atividades só agora começam a e estremecer, e o agravamento da maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

A partir desta complexa teia de acontecimentos, o fluxo de pessoas deixando a região abarrotou os sistemas de acolhimento em países vizinhos, como Turquia e Líbano, forçando que as migrações tivessem a Europa como destino. No velho continente, mais problemas, uma vez que esse movimento contribuiu para do sentimento anti-imigratório e turbulências políticas por todos os lados.

2016 foi o ano do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e da derrota de Matteo Renzi na Itália. Foi o ano da ascensão de líderes conservadores, movidos por discursos de fechamento de fronteiras e a perseguição de imigrantes, independentemente de suas origens.

Na França, por exemplo, a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, se tornou uma candidata forte ao posto de presidente do país e vem dizendo que irá impedir que filhos de estrangeiros em situação irregular frequentem escolas públicas. No Reino Unido, ataques de cunho racista e xenófobo dispararam após o resultado do Brexit.

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