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OMS não usa mais "pandemia", mas coronavírus ainda é emergência

Medo de uma pandemia de coronavírus aumentou após o crescimento acentuado em novos casos relatados no Irã, Itália e Coreia do Sul

Hospital de Wuhan: vírus é considerado pela OMS como emergência de saúde pública de preocupação internacional (China Daily/Reuters)
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Reuters

Publicado em 24 de fevereiro de 2020 às 11h46.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2020 às 14h04.

GENEBRA (Reuters) - O medo de uma pandemia de coronavírus aumentou após o crescimento acentuado em novos casos relatados no Irã, Itália e Coreia do Sul, embora a China tenha relaxado as restrições ao movimento em vários lugares, incluindo Pequim, à medida que as taxas de novas infecções diminuíram.

O aumento de casos de coronavírus foi considerado "profundamente preocupante" pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em pronunciamento nesta segunda-feira, 24,  "No momento, não vemos avanço global incontido do vírus e não vemos mortes em alta escala", disse ele. "O vírus tem potencial pandêmico? Com certeza. Estamos lá? Achamos que ainda não."

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A Organização Mundial da Saúde não trabalha mais com a classificação "pandemia", mas o surto de coronavírus Covid-19 continua sendo uma emergência internacional, que provavelmente se espalhará mais, disse um porta-voz na segunda-feira.

A OMS, com sede em Genebra, declarou que o surto de gripe suína H1N1 de 2009 foi uma pandemia, que acabou sendo leve, levando a algumas críticas depois que as empresas farmacêuticas aceleraram o desenvolvimento de vacinas e medicamentos.

A OMS declarou o novo coronavírus que surgiu em Wuhan, China, em dezembro, como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, conhecida como PHEIC, em 30 de janeiro. A designação, que permanece em vigor, tinha como objetivo ajudar países com sistemas de saúde mais fracos em suas defesas, especialmente na África.

Desde então, o vírus se espalhou, com mais de 77.000 infecções conhecidas na China, incluindo 2.445 mortes e 1.769 casos e 17 mortes em 28 outros países, mostram os últimos números da OMS. Coreia do Sul, Japão e Itália estão enfrentando grandes surtos.

"Não existe categoria oficial (para uma pandemia)", disse o porta-voz da OMS Tarik Jasarevic.

"Para fins de esclarecimento, a OMS não usa o antigo sistema de 6 fases - que vai da fase 1 (sem relatos de influenza animal causando infecções humanas) à fase 6 (uma pandemia) - com a qual algumas pessoas podem estar familiarizadas devido ao H1N1 em 2009 ", disse ele.

Coloquialmente, pandemia é usado para indicar o surto de um novo patógeno que se espalha facilmente de pessoas a pessoa em todo o mundo, disse Jasarevic.

Impactos e limitações

O diretor executivo da OMS, Michael J. Ryan, disse que em países europeus, os sistemas de saúde já operam em quase 100% da capacidade, portanto haveria poucos leitos vagos em hospitais caso haja um avanço forte de coronavírus. "Em países desenvolvidos, os sistemas de saúde podem ter pressão extra. Mas se desacelerarmos o avanço do vírus na Europa em algumas semanas já haverá muita capacidade extra porque o 'flu season' (época em que a gripe costuma atingir o continente com mais força) termina."

Tedros afirmou que a OMS está encorajada com a "contínua queda" de novos casos registrados na China. De acordo com o diretor-geral, a organização concluiu visita à China e preparou relatório sobre a missão, incluindo detalhes sobre a transmissibilidade do vírus, a gravidade da doença e o impacto das medidas tomadas. "A equipe observou que não houve mudança significativa no DNA do vírus, que a taxa de fatalidade está entre 2% e 4% em Wuhan e 0,7% fora de Wuhan", disse. "Observou também que para pessoas com doenças leves, o tempo de recuperação é de cerca de 2 semanas; para pessoas com doenças severas ou críticas, a recuperação dura entre 3 e 6 semanas."

Ele disse ainda que a epidemia alcançou pico em 23 de janeiro e que, desde 2 de fevereiro, vem caindo constantemente. "A mensagem chave é que este vírus pode ser contido", concluiu, ressaltando que diversos países estão conseguindo a contenção.

Durante a coletiva, a organização agradeceu também à ajuda de 232 milhões de euros disponibilizada pela União Europeia para combater o vírus.

De acordo com executivos, nos próximos dias a entidade já deve ter condições de usar parte dos recursos doados.

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