Aedes aegypti, mosquito transmissor do zika vírus (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 18h50.
Genebra - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira que o Zika vírus é uma emergência de saúde pública global, no momento em que a doença ligada a milhares de casos de microcefalia no Brasil se dissemina rapidamente.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse a repórteres que é preciso uma resposta internacional coordenada para melhorar a detecção e acelerar os trabalhos em busca de uma vacina e diagnósticos melhores, mas que não são necessárias restrições às viagens ou ao comércio.
A designação foi recomendada por um comitê de especialistas independentes da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), após críticas sobre uma resposta hesitante até agora. A decisão deve ajudar a acelerar ações internacionais e de pesquisa.
"Os integrantes do comitê concordaram que a situação reúne as condições para uma emergência de saúde pública de preocupação internacional. Eu aceitei este conselho", disse Chan.
A OMS declarou na semana passada que o Zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, estava se "espalhando de forma explosiva" e pode infectar até 4 milhões de pessoas nas Américas e 1,5 milhão no Brasil. A agência foi criticada por reagir muito lentamente à epidemia do Ebola na África Ocidental, que matou mais de 10.000 pessoas, e prometeu melhorar em futuras crises de saúde global.
O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), Thomas Frieden, disse que a declaração "convoca o mundo a agir" sobre o Zika.
Derek Gatherer, professor da Universidade de Lancaster, afirmou que a decisão da OMS é "como uma declaração de guerra, neste caso contra o vírus Zika".
O comitê de emergência de regulamentações internacionais de saúde da OMS reúne especialistas em epidemiologia, saúde pública e doenças infecciosas das Américas, Europa, Ásia e África.
O Brasil relatou cerca de 4.000 casos suspeitos de microcefalia, uma má-formação cerebral em que as crianças nascem com cérebros menores do que o normal, que foi ligada ao Zika vírus, embora a conexão ainda não seja definitiva.
Margaret Chan declarou que a ligação de causalidade era "fortemente suspeita, mas ainda não cientificamente comprovada".
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse à Reuters que a epidemia é pior do que se acreditava, já que em 80 por cento dos casos as pessoas infectadas não apresentam sintomas.
À medida que o vírus se espalha do Brasil, outros países nas Américas também provavelmente terão casos de bebês com microcefalia ligados ao Zika, segundo especialistas.
A Organização Pan-Americana da Saúde afirma que o Zika vírus já se espalhou em 24 países e territórios nas Américas.
O Zika vírus levantou questões em todo o mundo sobre se mulheres grávidas devem evitar países infectados.
Chan disse que adiar viagens é algo que as gestantes "podem considerar", acrescentando que, se elas precisam viajar, devem tomar medidas de proteção pessoal, cobrindo-se e usando repelente de mosquitos.
Texto atualizado às 19h49