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Obama segue passos de Reagan e Bush com medidas de imigração

Medidas executivas em matéria migratória anunciadas pelo presidente americano já foram utilizadas por republicanos como Ronald Reagan e George H. W. Bush

O presidente Barack Obama: medidas de Obama são consideradas ilegais pelos republicanos (Larry Downing/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 15h43.

Washington - As medidas executivas em matéria migratória anunciadas pelo presidente Barack Obama são consideradas ilegais pelos republicanos, mas a Casa Branca lembrou que outros presidentes republicanos como Ronald Reagan e George H. W. Bush também recorreram a elas.

Com uma bateria de medidas que beneficiarão 5 milhões de imigrantes ilegais, Obama desafiou um Congresso incapaz de chegar a um acordo desde que no ano passado o Senado aprovou um projeto de lei sobre o tema, e os republicanos, que recuperaram a maioria nas duas câmaras nas eleições de 4 de novembro.

Os republicanos, com o líder da maioria na Câmara dos Representantes, John Boehner, à frente, acusou Obama de exceder os limites da Constituição e advertiu que sua "ação unilateral" dificultará acordos no Congresso para legislar sobre migração e outros assuntos.

O centro de análise migratória American Immigration Council afirmou as medidas são "indultos temporários", por isso o presidente "não estaria mudando unilateralmente as leis para a concessão da residência permanente ou a cidadania".

O presidente tem a autoridade legal para determinar as prioridades das agências da lei e da ordem, por isso pode solicitar que sejam interrompidas as deportações sem outorgar aos imigrantes um status legal definitivo, indicou.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, insistiu quanto à legalidade das medidas que afirmou serem "coerentes" com as ações tomadas por presidentes de ambos os partidos para lidar com problemas do sistema migratório "utilizando a autoridade que conferem ao poder Executivo".

Os republicanos enfatizam que a diferença com os dois exemplos mencionados pela Casa Branca é que Bush e Reagan utilizaram seu poder executivo para estender alguns aspectos de uma lei aprovada previamente no Congresso que contou com apoio bipartidário: a Lei de Reforma e Controle de Imigração (IRCA, na sigla em inglês) de 1986, que beneficiou 3 milhões de imigrantes ilegais.

A lei abriu o caminho para a legalização dos imigrantes que demonstrassem que tinham vivido no país de forma contínua desde 1982, pagassem uma multa e mostrassem que tinham tido um bom comportamento, mas excluía os cônjuges e seus filhos se não pudessem cumprir os mesmos requisitos.

Em 1987, o Congresso apresentou a regularização desses familiares, mas a iniciativa não progrediu, por isso Reagan tomou ações para evitar a deportação de menores de 18 anos que vivessem em um lar no qual ambos os progenitores tivessem recebido a permissão.

A ação de Reagan também incluía os menores que viviam com um só progenitor que tivesse conseguido a permissão, mas não os que morassem em uma família na qual um dos pais cumprisse os requisitos da IRCA e o outro não, nem os cônjuges.

Em julho de 1989, o Senado aprovou uma legislação para proteger esse grupo, mas a Câmara dos Representantes não levou adiante, e em 1990 o presidente Bush, sob o conceito de "justiça familiar", protegeu da deportação cônjuges e filhos de que se beneficiaram da IRCA, menores de 21 anos.

Essa ação beneficiou 1,5 milhão de pessoas que, segundo o centro de análise de políticas migratórias American Immigration Council, representavam 40% do total da população de imigrantes ilegais que havia na época.

As medidas de Obama beneficiarão 5 dos 11 milhões de imigrantes ilegais que acredita-se que há no país; principalmente os pais de cidadãos e jovens que entraram ao país antes de 2010 sendo menores de 16 anos.

Alfonso Aguilar, diretor-executivo da Associação Latina para os Princípios Conservadores, afirmou à Agência Efe que, do ponto de vista legal e constitucional, "é válido atuar desta maneira", mas ele acredita que teria sido melhor esperar que o novo Congresso apresentasse uma proposta de solução a "longo prazo".

Aguilar, que explicou que o "ambiente político é diferente" do que Reagan e Bush viveram, considerou que a ação de Obama criará um ambiente "muito tóxico" não só para falar de imigração, mas de qualquer outro tema nos próximos dois anos, até o fim de seu mandato, e pôs "em risco" uma solução permanente "que daria um status legal aos imigrantes ilegais".

Philip Wolgin analista em políticas migratórias do Center for American Progress, lembrou que desde o presidente Dwight Eisenhower (1953-1961) foram tomadas medidas executivas em 39 ocasiões em matéria migratória, de diferentes considerações, incluindo o asilo concedido aos cidadãos cubanos após o triunfo da revolução, por isso "é algo que já se fez antes".

Comparando as medidas de 1987 e de 1990 com as de Obama, ele afirmou que o conceito foi "manter as famílias unidas" e lamentou que em 1986, quando Reagan assinou a IRCA, "a necessidade de tirar da sombra milhares de pessoas era um princípio republicano, mas agora parece não é".

São Paulo – A Suécia é o país que, de maneira geral, reúne as melhores condições para ser imigrante . Embora tenha uma boa nota total, o país é apenas o terceiro colocado quando analisadas as políticas contra discriminação aos estrangeiros. A conclusão é do índice MIPEX, produzido em parceira entre o British Council e a organização europeia para políticas de imigração Migration Policy Group. O estudo avaliou países europeus, o Canadá e os Estados Unidos. Recentemente, a pesquisa também incluiu Japão (que ficou em 29º lugar do ranking) e a Austrália (que figurou em quinto lugar). Por conta desta metodologia, nenhum país da América Latina aparece no ranking . O estudo aplicou uma nota de até 100 para sete áreas principais: mobilidade no mercado de trabalho, possibilidade de reunir a família no país, educação, participação do imigrante na política, residência de longo prazo, acesso à nacionalidade e políticas contra discriminação. Quanto maior a nota geral, melhor colocado ficou o país. Nenhuma nação alcançou a nota máxima na contagem geral. Clique nas fotos e conheça os melhores países para ser imigrante segundo a classificação geral, além da nota em cada um dos critérios estudados.
  • 2. 1º) Suécia – 83 pontos

    2 /12(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho100
    Possibilidade de reunir a família84
    Residência de longo prazo78
    Políticas contra discriminação88
    Participação política75
    Acesso à nacionalidade79
    Educação77
  • 3. 2º) Portugal – 79 pontos

    3 /12(SXC.Hu)

  • CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho94
    Possibilidade de reunir a família91
    Residência de longo prazo69
    Políticas contra discriminação84
    Participação política70
    Acesso à nacionalidade82
    Educação63
  • 4. 3º) Canadá – 72 pontos

    4 /12(Wikimedia Commons)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho81
    Possibilidade de reunir a família89
    Residência de longo prazo63
    Políticas contra discriminação89
    Participação política38
    Acesso à nacionalidade74
    Educação71
  • 5. 4º) Finlândia – 69 pontos

    5 /12(Wikimedia Commons)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho71
    Possibilidade de reunir a família70
    Residência de longo prazo58
    Políticas contra discriminação78
    Participação política87
    Acesso à nacionalidade57
    Educação63
  • 6. 5º) Austrália – 68 pontos

    6 /12(Todd Warshaw/Getty Images)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho58
    Possibilidade de reunir a família81
    Residência de longo prazo61
    Políticas contra discriminação69
    Participação política59
    Acesso à nacionalidade77
    Educação72
  • 7. 6º) Holanda – 68 pontos

    7 /12(Creative Commons/phault/flickr)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho85
    Possibilidade de reunir a família58
    Residência de longo prazo68
    Políticas contra discriminação68
    Participação política79
    Acesso à nacionalidade66
    Educação51
  • 8. 7º) Bélgica – 67 pontos

    8 /12(Getty Images)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho53
    Possibilidade de reunir a família68
    Residência de longo prazo79
    Políticas contra discriminação79
    Participação política59
    Acesso à nacionalidade69
    Educação66
  • 9. 8º) Noruega – 66 pontos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho73
    Possibilidade de reunir a família68
    Residência de longo prazo61
    Políticas contra discriminação59
    Participação política94
    Acesso à nacionalidade41
    Educação63
  • 10. 9º) Espanha – 63 pontos

    10 /12(JMN/Cover/Getty Images)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho84
    Possibilidade de reunir a família85
    Residência de longo prazo78
    Políticas contra discriminação49
    Participação política56
    Acesso à nacionalidade39
    Educação48
  • 11. 10º) Estados Unidos – 62 pontos

    11 /12(Clemmesen / SXC)

    CritérioNota
    Mobilidade no mercado de trabalho68
    Possibilidade de reunir a família67
    Residência de longo prazo50
    Políticas contra discriminação89
    Participação política45
    Acesso à nacionalidade61
    Educação55
  • 12. Agora conheça cidades que oferecem boa infraestrutura e qualidade vida

    12 /12(Wikimedia Commons)

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