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Obama não quer repetir erros do Iraque na Líbia

Presidente americano não quer derrubar Kadafi pelo uso da força, mas disse que uma transição democrática é "tarefa difícil"

"Nós teríamos de mobilizar tropas terrestres americanas, ou arriscar matar muitos civis pelo ar", disse Barack Obama, sobre os custos de uma invasão no país (Getty Images)

"Nós teríamos de mobilizar tropas terrestres americanas, ou arriscar matar muitos civis pelo ar", disse Barack Obama, sobre os custos de uma invasão no país (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2011 às 06h29.

Washington - Os Estados Unidos não podem repetir os mesmos erros da guerra do Iraque tentando derrubar o líder líbio, Muammar Kadafi, mas precisam agir quando seus "valores são ameaçados", afirmou nesta segunda-feira o presidente americano, Barack Obama.

"Se tentarmos derrubar Kadafi pela força, nossa coalizão vai se estilhaçar. Nós teríamos de mobilizar tropas terrestres americanas, ou arriscar matar muitos civis pelo ar", disse o presidente em discurso à nação.

"Os perigos que nossos homens e mulheres em uniformes teriam de enfrentar seriam muito maiores. Assim como os custos, e nossa fatia de responsabilidade sobre o que viria depois."

"Nós tomamos esse caminho no Iraque (...) mas a mudança de regime lá levou oito anos, milhares de vidas de americanos e iraquianos, e aproximadamente 1 trilhão de dólares. Isso não é algo que podemos nos dar ao luxo de repetir na Líbia."

Mas os Estados Unidos devem agir quando "seus interesses e valores" são ameaçados, destacou Obama para justificar a intervenção militar na Líbia.

"Conscientes dos riscos e custos de uma ação militar, somos naturalmente reticentes ao uso da força para resolver os problemas mundiais, mas quando nossos interesses e nossos valores são ameaçados, temos a responsabilidade de agir".

"É isto o que ocorre na Líbia", disse Obama na Casa Branca, assinalando que "há gerações os Estados Unidos têm um papel único na segurança mundial e na defesa da liberdade".

O presidente advertiu ainda que uma transição democrática na Líbia será uma "tarefa difícil", e que a responsabilidade deste desafio caberá principalmente ao "povo líbio".

"A transição que leve a um governo legítimo e que responda às expectativas do povo líbio será uma tarefa difícil. Os Estados Unidos assumirão sua parte da responsabilidade, mas é um trabalho que caberá principalmente à comunidade internacional e sobretudo ao povo líbio".

"Mesmo após a partida de Kadafi, quarenta anos de tirania deixaram a Líbia fraturada e sem instituições civis fortes".

No mesmo discurso, Obama confirmou que a Otan assumirá o comando de todas as operações da coalizão internacional na Líbia e que os militares americanos poderão reduzir sua participação no conflito.

"Neste esforço, os Estados Unidos desempenharão um papel de apoio em inteligência, assistência logística, busca e resgate, e no bloqueio das comunicações do regime" do coronel Kadafi.

"Nesta transição para uma coalizão da Otan mais ampla serão reduzidos significativamente - para nossos militares e os contribuintes americanos - os riscos e os custos desta operação", destacou Obama.

"Esta transferência de Estados Unidos à Otan ocorrerá na quarta-feira".

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